Dar uma nova vida a uma noz antiga
Uma noz australiana culturalmente significativa que remonta à época jurássica poderá ter um grande futuro graças a uma investigação conduzida pela Universidade de Queensland que revela os seus substanciais benefícios para a saúde.
Jaqueline Moura Nadolny, da Aliança de Queensland para a Agricultura e Inovação Alimentar da UQ, afirmou que a esta noz é um alimento do mato denso em energia e nutrientes com um enorme potencial comercial.
“Estas nozes têm baixo teor de gordura, alto teor de fibras, não contêm glúten e contêm todos os aminoácidos essenciais, proteínas e folato, enquanto a casca é rica em compostos antioxidantes”, disse Nadolny.
“Os indígenas australianos ferviam-nas e assavam, mas podem ser comidas diretamente do cone, moídas em farinha, transformadas em chá e até fermentadas”, acrescentou.
Nadolny disse que estas nozes poderiam ser tão bem sucedidas comercialmente quanto as nozes similares da mesma família no Brasil e no Chile, mas a indústria na Austrália enfrentou desafios ambientais.
“As árvores destas nozes estabelecidas estão sob a ameaça da phytophthora, uma podridão da raiz que causa a morte”, afirmou, sublinhando que “é fundamental que novas árvores sejam plantadas e enxertadas para acelerar a frutificação em cinco ou seis anos”.
“Cada árvore pode produzir centenas de cones, cada um contendo até 100 nozes”, disse ainda, acrescentando que, “na América do Sul, a enxertia ajudou a aumentar a produção.”
Shannon Bauwens, coordenador dos serviços culturais da Bunya People’s Aboriginal Corporation, congratulou-se com a investigação de Nadolny.
“Esta noz tem um forte significado cultural para os proprietários tradicionais e outros povos indígenas que se reuniram durante milhares de anos nos tempos pré-coloniais para festejos e cerimónias”, afirmou Bauwens.
“As montanhas Bunya, no sul de Queensland, abrigam o maior povoamento conhecido da espécie no mundo, e as árvores vivem centenas de anos” e “criar uma indústria em torno desta noz não só garantiria sua sobrevivência, mas criaria uma indústria sustentável para a máfia, permitindo-lhes compartilhar seus conhecimentos com a comunidade”, acrescentou.
Nadolny explicou que a noz poderia ser o centro de uma próspera empresa indígena. “Trabalho com comunidades indígenas que estão interessadas em colher, vender e produzir produtos alimentares a partir das nozes, criando emprego e rendimentos”, afirmou.
“Tomar medidas agora para garantir um futuro saudável para as árvores de bunya da Austrália poderia levar a mostrar este incrível alimento indígena e seu potencial para o mundo”, concluiu.
O trabalho de investigação foi publicado na revista Food Research International.