Degelo acelerado da Gronelândia pode dever-se à presença de nuvens



Um novo relatório publicado na revista Nature veio mostrar que, no ponto mais alto da Gronelândia, a 3.216 metros acima do nível do mar, existe um manto de nuvens que armazena calor extra proveniente do Sol e reforça as temperaturas invulgarmente quentes da região. Esta pode ser uma das causas dos níveis recorde de derretimento da ilha no último Verão.

A descoberta baseia-se em dados da Summit Station. E segundo o principal autor do estudo, Ralf Bennartz, cientista atmosférico da Universidade de Wisconsin, tenderão a existir mais nuvens destas no final do século.

As consequências podem ser terríveis: combinado com o rápido degelo dos glaciares, o fenómeno de derretimento da superfície da Gronelândia pode acelerar a desintegração de quase três milhões de quilómetros cúbicos de gelo da ilha.

Se todo este gelo entrasse no mar, elevaria o seu nível em cerca de seis metros, inundando zonas costeiras por todo o mundo, desalojando centenas de milhões de pessoas e provocando danos incalculáveis.

É certo que, mesmo com o aumento do degelo, este é um cenário improvável para as próximas centenas de anos. Mas os cientistas já estimam que o gelo derretido faça aumentar o nível do mar em cerca de 91 centímetros até 2100 – o suficiente para causar enormes estragos.

Neste momento, a equipa de investigadores ainda não pode afirmar se a nebulosidade do último Verão pressagia uma tendência. Em teoria, as nuvens podem estar a aumentar, à medida que as temperaturas mais quentes forçam mais água a ser evaporada dos oceanos.

Mas isto depende do tipo de nuvens de que estamos a falar – as altas, finas e feitas de cristais de gelo podem de facto aumentar o efeito de estufa, armazenando o calor do Sol. Já as nuvens grossas, feitas de gotas de água, podem proteger o planeta de algum desse calor, ajudando a regular as temperaturas.

As nuvens que cobriam a Gronelândia em Julho do ano passado eram um misto – feitas de gotas de água, mas finas o suficiente para deixar passar um pouco de luz solar através delas.

Os instrumentos que a equipa de investigadores usa para estudar as nuvens só estão em vigor há três anos, o que é um período de tempo muito curto para detectar qualquer tipo de tendência. As temperaturas mais quentes por si só, porém, provavelmente servirão para aumentar o derretimento da Gronelândia no resto do século, mesmo que não haja um aumento significativo da cobertura de nuvens.





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