Desaparecimento de zonas húmidas pode resultar em perdas globais de mais 30 biliões de euros em benefícios



As zonas húmidas, como pântanos, charcos, lagos, rios e pauis, são ecossistemas fundamentais, para o planeta, a biodiversidade e as sociedades humanas. São fontes de água, alimento, subsistência e ajudam a mitigar os efeitos das alterações climáticas.

No entanto, estima-se que desde a década de 1970 22% das zonas húmidas a nível global tenham desaparecido, fruto de pressões como a expansão agrícola, a poluição, secas e o aumento do nível do mar. Agora, um relatório divulgado esta terça-feira pela Convenção das Zonas Húmidas, também conhecida como Convenção de Ramsar, alerta que se as tendências atuais se mantiverem mais 20% desses ecossistemas poderão desaparecer até 2050.

Com eles, podem também perder-se mais de 30 biliões de euros em benefícios económicos.

Embora cubram apenas 6% da superfície da Terra, as zonas húmidas contribuem mais de 7,5% para a riqueza mundial, com serviços como a limpeza das águas, a proteção contra cheias, a segurança alimentar e o sequestro de carbono. Apesar disso, estão a desaparecer mais rapidamente do que qualquer outro tipo de ecossistema.

“As zonas húmidas financiam o planeta, mas continuamos a investir mais na sua destruição do que na sua recuperação”, lamenta Musonda Mumba, Secretária-geral da Convenção de Ramsar, citada em nota.

A responsável diz que o restauro das zonas húmidas pode não só impedir as perdas estimadas como permitir aceder a benefícios adicionais avaliados em quase 10 biliões de euros. No entanto, avisa que “estamos a ficar sem tempo”.

O relatório revela também que uma em cada quatro das zonas húmidas que ainda existem apresentam estados ecológicos desfavoráveis, com os maiores declínios a serem registados na América Latina, nas Caraíbas e em África.

“As zonas húmidas não são um assunto marginal”, assegura Hugh Robertson, presidente do painel científico da Convenção e principal autor da análise.

“São fundamentais para o ciclo da água de que o nosso planeta depende, para a nossa resposta global às alterações climáticas e são essenciais para o bem-estar de milhares de milhões de pessoas e para a proteção de espécies sob a ameaça iminente da extinção”, salienta.

Os especialistas apelam ainda a um investimento anual global de entre 230 e 471 mil milhões de euros para recuperar as zonas húmidas, sublinhando que o atual investimento está muito aquém do que é necessário.

O relatório é lançado cerca de uma semana antes da 15.ª cimeira global das partes da Convenção de Ramsar, a COP15, que decorrerá entre 23 e 31 de julho no Zimbabué.






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