Descoberta nova espécie de cobra que já está em perigo de extinção
Os investigadores ficaram surpreendidos que não tenha sido descoberta antes, dada a sua coloração vermelha, preta e amarela brilhante.
A cobra distinta e vívida foi recentemente descrita por investigadores pela primeira vez no Paraguai. A cobra não venenosa era anteriormente desconhecida da ciência.
A cobra recém-reconhecida pertence ao género Phalotris, que é um grupo de cobras de pequeno a médio porte. Geralmente são encontradas em áreas abertas do Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina. Estas cobras são conhecidas pelas suas cores marcantes e distintas.
Enquanto as primeiras cobras do género foram descritas em 1862, a cobra recém-reconhecida foi encontrada pela primeira vez por Jean-Paul Brouard, um cientista do grupo de conservação sem fins lucrativos Fundación Para La Tierra. Brouard estava a cavar um buraco no Rancho Laguna Blanca, um local ecológico e turístico no Paraguai, enquanto fazia trabalho de campo.
Os investigadores nomearam a nova descoberta Phalotris shawnella, em homenagem a duas crianças – Shawn Ariel Smith Fernández e Ella Bethany Atkinson – que nasceram em 2008, mesmo ano da fundação da Fundación Para La Tierra.
As crianças foram creditadas por inspirar os fundadores do grupo a trabalhar para conservar a vida selvagem no Paraguai “para que um dia possam herdar um mundo melhor”, escrevem os investigadores no estudo.
“Este grupo de ofídios é conhecido pela sua coloração marcante com padrões vermelhos, pretos e amarelos”, disse um dos autores do estudo, Paul Smith, da Fundación Para La Tierra, a meios internacionais. “A nova espécie é particularmente atraente e distingue-se das espécies relacionadas pela cabeça vermelha em combinação com um colar amarelo, uma faixa lateral preta e escamas ventrais laranja com manchas pretas irregulares.”
Os resultados foram publicados na revista Zoosystematics and Evolution.
Os investigadores encontraram apenas três dessas cobras Phalotris shawnella até agora no departamento de San Pedro (província) do nordeste do Paraguai. Elas são endémicas das florestas do Cerrado, um ecossistema de savana que está principalmente no Brasil, mas que se estende até ao Paraguai.
As cobras foram encontradas em dois pontos com solos arenosos naquela área – Laguna Blanca e Colonia Volendam – que ficam a apenas 90 quilómetros de distância. Uma cobra foi capturada para estudo. Os outros dois espécimes foram fotografados, mas escaparam após a observação.
Como a espécie é tão rara, tem uma área de distribuição tão pequena e experimenta um habitat fragmentado, os autores classificaram a cobra recém-descrita como “ameaçada” de acordo com as categorias estabelecidas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUNC). Isto significa que acreditam que é uma espécie em risco iminente de extinção, a menos que esforços de conservação sejam feitos.
“A descoberta de Phalotris Shawnella – mais uma vez – mostra como a fauna do Paraguai é diversa, mas também pouco estudada”, afirma Smith.
“Em particular, a sua presença em Laguna Blanca, uma área designada como Área Importante para a Conservação de Anfíbios e Répteis, destaca novamente a necessidade de proteger o ambiente natural nesta área altamente ameaçada do país que atualmente não tem proteção legal. A descoberta de uma nova espécie de serpente nesta área demonstra que a preservação deste local deve ser considerada uma prioridade nacional para a conservação.”