Descoberta nova espécie de morcego no fóssil de esqueleto mais antigo alguma vez encontrado
Foi no Wyoming, nos Estados Unidos da América, que um grupo de cientistas holandeses e norte-americanos descobriu o mais antigo esqueleto fossilizado de morcego que alguma vez foi encontrado, com 52 milhões de anos.
Ao longo dos últimos 60 anos, na Formação de ‘Green River’, no Wyoming, foram descobertos mais de 30 fósseis de morcegos, datados do início do período Eocénico, tendo sido todos descritos como pertencendo à extinta espécie Icaronycteris index. Mas alguns cientistas acreditavam que poderiam estar presentes outras espécies, uma tese que agora se veio a confirmar.
Num artigo divulgado esta semana na revista ‘PLOS One’, os investigadores voltaram a olhar para os fósseis recolhidos e, ao analisarem as impressões deixadas na rocha pelo corpo dos morcegos, perceberam estar perante uma nova espécie.
“Sempre achei que deveria haver mais espécies [na Formação de ‘Green River’]”, salienta Nancy Simmons, curadora do departamento de Mastozoologia do Museu Americano de História Natural e uma das autoras do artigo.
O mesmo diz Tim Rietbergen, biólogo do Naturalis Biodiversity Center, nos Países Baixos: “Os paleontólogos recolheram tantos morcegos que foram identificados como Icaronycteris index, e nós perguntávamo-nos se realmente existiriam múltiplas espécies por entre estes espécimes”.
O fóssil que veio reescrever a história evolutiva dos morcegos foi descoberto em 2017 e adquirido depois pelo Museu Americano de História Natural. Comparando com os dados que tinham já sido recolhidos sobre os morcegos nesse sítio paleontológico, os investigadores perceberam que outro fóssil, descoberto em 1994 numa pedreira no Canadá, pertencia também a essa nova espécie.
Com essas evidências em mãos, e atendendo às diferenças face aos fósseis de Icaronycteris index, os investigadores deram à Ciência uma nova espécie de morcego com dezenas de milhões de anos: o Icaronycteris gunnelli, nome atribuído em homenagem ao paleontólogo Gregg Gunnell, da Duke University, falecido em 2017 e que foi um importante estudioso da evolução dos morcegos.
Dizem os autores deste trabalho que esses dois fósseis de I. gunnelli são os registos paleontológicos de morcegos mais antigos alguma vez encontrados.
Assim, defendem que estes resultados suportam a ideia de que os morcegos ter-se-ão diversificado rapidamente em vários continentes durante o Eocénico, sendo que hoje se estima que existam mais de 1.460 espécies vivas de morcegos um pouco por todo o planeta, à exceção das regiões polares e de algumas ilhas remotas.
“Este é um primeiro passo no sentido de compreendermos o que aconteceu em termos de evolução e diversificação nos primeiros dias dos morcegos”, afirma Simmons.