Descobertas duas novas espécies de tigres-dentes-de-sabre na África do Sul



Uma equipa internacional de investigadores liderada pela Universidade Complutense de Madrid descobriu duas novas espécies de tigres-dentes-de-sabre, grandes felídeos com caninos superdesenvolvidos que terão aparecido em África há cerca de sete milhões de anos, na mesma altura em que os humanos modernos (Homo sapiens) começaram a dar os primeiros passos da escala evolutiva.

Através da análise de fósseis, datados do Pliocénico, recolhidos na localidade de Langebaanweg, a norte da Cidade do Cabo, capital da África do Sul, os cientistas descreveram as espécies Dinofelis werdelini e Lokotunjailurus chimsamyae, até então desconhecidas da Ciência. Durante a investigação, foram também identificadas, entre os registos fossilizados, outras duas espécies que já se conheciam: Adeilosmilus kabir e Yoshi obscura.

Dentes fossilizados de Dinofelis werdelini (A), de Lokotunjailurus chimsamyae (B) e de Adeilosmilus kabir (C). As duas primeiras espécies de tigres-dentes-de-sabre eram desconhecidas da Ciência até agora.
Foto: Alberto Valenciano (coautor do artigo)

Para Alberto Valenciano, investigador da Faculdade de Ciências Geológicas da Universidade Complutense de Madrid e principal autor do artigo publicado esta semana na ‘iScience’, “a nossa análise filogenética é a primeira a ter em conta as quatro espécies de Langebaanweg. O material conhecido dos tigres-dentes-de-sabre nesta região era relativamente pobre e a importância deste dentes-de-sabre não tem sido devidamente conhecida”.

Ao estudarem e compararem os restos osteológicos fossilizados destes felídeos ancestrais, os investigadores ficaram também a perceber as condições paleoclimáticas da região de Langebaanweg. Por exemplo, os cientistas sabem que os tigres-dentes-de-sabre Lokotunjailurus viviam em habitats abertos, como prados, e estavam especialmente adaptados para correr. Por outro lado, os do género Dinofelis terão preferido zonas mais cobertas, como bosques e florestas.

Isso leva-os a sugerir que há cerca de 5,2 milhões de anos investigadores Langebaanweg, onde foram encontrados espécimes de ambos os géneros, era caracterizada por uma mistura de bosques e prados. Contudo, a relativa abundância de restos de esqueletos de Lokotunjailurus, comparativamente a outros sítios paleontológicos da Europa e de África sugerem que o sul do continente africano estava, nesse período, a atravessar uma transição para habitats mais abertos, do tipo dos prados, e a perder área de bosque.

Além disso, a investigação revelou que os Lokotunjailurus encontrados em Langebaanweg são muito semelhantes aos que foram encontrados anteriormente da região de Yuanmou, na China. Tal indica que as duas regiões, separadas por milhares de quilómetros de terra e mar, terão tido o mesmo tipo de clima ou que entre os dois locais terá havida “uma possível rota de migração”, explica Qigao Jiangzuo, paleontólogo da Universidade de Pequim e outro dos autores do artigo.

Os cientistas acreditam que novas investigações científicas poderão ajudar a desvendar a razão das semelhanças encontradas entre essas duas regiões, hoje tão distantes uma da outra.





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