Descobertas duas novas toupeiras ‘escondidas’ na Turquia há quase três milhões de anos
A descoberta de novos tipos de formas de vida terrestre não se faz apenas à superfície do solo. Debaixo dele, a evolução também deixa as suas marcas.
Num artigo divulgado recentemente na publicação ‘Zoological Journal of the Linnean Society’, investigadores da Turquia, dos Estados Unidos da América e do Reino Unido descrevem uma nova espécie de toupeira, bem como uma nova subespécie: a Talpa hakkariensis e a Talpa davidiana tatvanensis.
Os autores estimam que os dois novos tipos de toupeira devem existir há aproximadamente três milhões de anos e explicam que inserem-se na família dos talpídeos (Talpidae), um grupo constituído por mamíferos que vivem a maior parte das suas vidas no subsolo, que se alimentam de invertebrados, como insetos e minhocas, e que podem ser encontrados na Europa e na região ocidental da Ásia.
A identificação da nova espécie e da nova subespécie foi possível graças à aplicação de técnicas de análise do ADN de mitocôndrias e do núcleo das células, que permitiu perceber que são diferentes de outros talpídeos até então conhecidos da Ciência.
Quer uma quer outra, vivem em regiões montanhosas no leste da Turquia e evoluíram, ao longo de milhões de anos, para poderem sobreviver a temperaturas até 50 graus Celsius, no verão, e ao frio que se faz sentir no inverno escavando buracos até dois metros abaixo da superfície coberta de neve.
David Bilton, da Universidade de Plymouth, afirma que “é muito raro encontrar hoje novas espécies de mamíferos”. Sobre as novas toupeiras identificadas, o investigador diz que, pelo menos à primeira vista, “parecem muito semelhantes a outras espécies, uma vez que a vida no subsolo impõe sérios constrangimentos à evolução do tamanho e forma do corpo”.
Aponta que, por isso, “podemos subestimar a verdadeira natureza da biodiversidade, mesmo em grupos como os mamíferos”, sobre os quais, sugere, “a maioria das pessoas assumiria que conhecemos todas as espécies com as quais partilhamos o planeta”.
Com as duas novas adições de talpídeos, o número de toupeiras que se conhecem na região euroasiática sobe para as 18, tendo cada uma delas características físicas e genéticas distintas das outras.
“Não temos dúvidas de que mais investigações revelarão diversidade adicional, e que mais novas espécies de toupeira continuam por descobrir nesta região e nas adjacentes”, comenta Bilton, acrescentando que, numa altura em que cada vez mais se reconhece a importância e a urgência de conservar a biodiversidade, “se queremos proteger as espécies precisamos, primeiro que tudo, de saber que elas existem”.