Desde 1998 que não havia tantos incêndios no Pantanal brasileiro em setembro



O Pantanal brasileiro, considerada a maior zona húmida do planeta, registou em setembro 8.106 focos de incêndio, um número recorde desde 1998, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Desde 1998, ano em que começou a monitorização do INPE, órgão governamental, que o Pantanal não registava tantos incêndios num só mês.

Também no acumulado do ano foram atingidos recordes: de 01 de janeiro até 30 de setembro, o INPE contabilizou 18.259 fogos. Antes disso, o maior número tinha sido registado ao longo de todo o ano de 2005, quando se somaram 12.536 focos de incêndio.

Situado na região centro-oeste, no sul da Amazónia, o Pantanal é uma planície que tem 80% de sua área inundada na estação chuvosa e é considerado um santuário, onde ainda se encontra preservada uma fauna extremamente rica, que inclui animais como o jacaré, arara-azul ou onça-pintada, espécie classificada como “quase ameaçada” de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza.

Contudo, atravessa agora uma situação preocupante, ao enfrentar os piores incêndios das últimas décadas.

Especialistas indicam que o aumento das chamas na zona húmida do Pantanal se deve ao aumento da desflorestação ilegal, que vem crescendo gradativamente a cada ano, causando uma série de mudanças climáticas, como a alteração do ciclo natural das chuvas.

Este ano não choveu o suficiente durante a temporada, o que baixou os níveis de humidade do Pantanal para os menores índices dos últimos anos.

Também a Amazónia brasileira registou um aumentos nos focos de incêndio no mês passado (32.017), em comparação com o mesmo período de 2019, quando se contabilizaram 19.925 fogos, num aumento de 61%.

O número ficou ligeiramente abaixo da média histórica para setembro, que é de 32.812 focos.

De janeiro até 30 de setembro do ano passado, foram registados 66.749 incêndios na Amazónia brasileira, situação que gerou críticas internacionais à politica ambiental do Governo, presidido por Jair Bolsonaro. Nos primeiros nove meses deste ano, deu-se um aumento de 14%, com 76.030 fogos naquela que é a maior floresta tropical do mundo, segundo dados do INPE.

O órgão governamental brasileiro que compila dados de satélites, e cujos números estão disponíveis para consulta pública, foi acusado no mês passado, pelo vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, de ter ao seu serviço “alguém da oposição”, que apenas divulga dados negativos sobre as queimadas na Amazónia.

O atual executivo brasileiro tem feito campanha negando que a Amazónia esteja a arder.

Na quarta-feira, Bolsonaro disse, na cimeira sobre biodiversidade das Nações Unidas, que algumas organizações não-governamentais (ONG) comandam “crimes ambientais” no Brasil e voltou a defender a sua soberania sobre a Amazónia, opondo-se a qualquer “cobiça internacional” sobre a área.

Horas antes, o Presidente brasileiro tinha classificado como “lamentável”, a declaração do candidato democrata à presidência norte-americana, Joe Biden, que afirmou que as florestas tropicais no Brasil estão a ser destruídas.

“O que alguns ainda não entenderam é que o Brasil mudou. Hoje, o seu Presidente, diferentemente da esquerda, não mais aceita subornos, criminosas demarcações ou infundadas ameaças. A nossa soberania é inegociável”, indicou Bolsonaro, num texto publicado nas suas redes sociais.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).





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