Deserto do Danakil, o lugar mais temível da Terra



Fica 120 metros abaixo do nível do mar, entre a Etiópia, a Eritreia, o Yibuti e o Mar Vermelho. Ao amanhecer, a temperatura do ar já ultrapassa os 30 graus. Este inferno na Terra, que tem tanto de belo como de terrível, estende-se por mais de cem quilómetros quadrados cobertos de sal.

Tem dois quilómetros de espessura, o manto de cristais que cobre o deserto de Danakil. Sabe-se que esta quantidade impressionante de sal se foi acumulando, camada a camada, ao longo de 200 mil anos. De cada vez que o Mar Vermelho invade esta depressão consolida-se mais e mais este revestimento salino.

Por baixo desta cama de sal existe magma quente, capaz de alcançar a superfície ocasionalmente e esculpir no meio dos cristais formações estranhas, que dão à paisagem um aspecto irreal. Não há rasto de vida neste inferno deslumbrante. A água que brota do subsolo é de uma acidez superior em 500 vezes à do limão. Mas o ferro que se encontra na sua composição quando em contacto com o oxigénio da atmosfera oxida-se, baixando o seu ph para o valor mais baixo medido alguma vez numa fonte natural: quase 10 mil vezes mais ácido que o limão.

As sucessivas mineralizações têm conferido às esculturas de sal diferentes cores, do amarelo ao ocre, passando pelo laranja. Há tribos locais que não o habitam, mas que se deslocam a este deserto para trabalhar na extracção do sal, seu sustento. Fazem-no com ferramentas rudimentares, num labor anacrónico, sacrificado. Além de soldados ocasionais a cruzar esta zona de fronteira é esta a única paisagem humana de um dos lugares mais belos, temíveis e ignorados do planeta.

Fotos: Olivier Grunewald  via El País 

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