Desflorestamento na Amazónia brasileira bate recorde em abril
A floresta amazónica no Brasil perdeu 580,55 quilómetros de mata nativa em abril, a maior taxa de desflorestamento registada no quarto mês do ano desde 2016, quando a floresta tropical perdeu 581 quilómetros de vegetação.
De acordo com dados captados pelo Sistema de Deteção de Desflorestamento em Tempo Real da Amazónia Legal (Deter) divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), trata-se de uma área 42% maior do que a que foi destruída em abril de 2020 no país.
Abril é o segundo mês que o Brasil regista um recorde de devastação da maior floresta tropical do mundo. Em março passado, 367,6 quilómetros da amazónia foram devastados no país, uma área 12,6% maior do que a destruída no mesmo mês de 2020.
A metodologia utilizada pelo sistema Deter é baseada em imagens de satélite recolhidas pelo INPE, cujo objetivo é alertar antecipadamente as agências de fiscalização sobre as áreas que estão a ser desflorestadas na Amazónia. No total, foram emitidos 1.566 avisos de desflorestamento neste sistema em abril.
Segundo especialistas, a quantidade de vegetação nativa devastada pode ser maior, já que durante o mês de abril 26% da Amazónia estava coberta por nuvens, o que tornava aquela parte da floresta invisível aos satélites.
“É o maior percentual de nuvens para o mês da série que começou em 2015. Pode haver mais desflorestamento oculto, que será revelado quando o clima abrir”, informou o Observatório do Clima, rede que reúne mais de 50 organizações civis de defesa do meio ambiente no Brasil e no mundo.
Ao longo de 2020, cerca de 8.500 quilómetros quadrados foram devastados na Amazónia brasileira, marca que ficou apenas abaixo do recorde histórico de 2019, quando 9.178 quilómetros quadrados de árvores foram cortados na maior floresta tropical do mundo.
Durante a última Cimeira do Clima, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, prometeu eliminar o desflorestamento ilegal no Brasil até 2030.
No entanto, desde que assumiu o poder, a 01 de janeiro de 2019, a devastação da floresta amazónica registou os piores índices da história do Brasil e as suas políticas ambientais foram duramente criticadas por organizações ambientais e por outros países, como a França.
O Presidente brasileiro defende a exploração dos recursos naturais da Amazónia, mesmo em reservas indígenas, e afrouxou o controlo de atividades que agridem diretamente o meio ambiente, como a mineração e o comércio de madeira, praticados principalmente de forma ilegal na região.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).