Desinformação climática na UE dificulta elaboração de políticas de combate às alterações climáticas

A desinformação sobre o clima na União Europeia (UE) continua a dificultar a elaboração de políticas e medidas de combate às alterações climáticas, concluiu um relatório da organização não-governamental EU DisinfoLab.
“A desinformação sobre as alterações climáticas continua a ser uma das ameaças permanentes à elaboração de políticas baseadas em provas, à governação ambiental e à resiliência democrática na UE”, afirma o documento.
De acordo com o relatório, a expansão de medidas de combate às alterações climáticas tornou-se um foco de operações de influência maligna, tanto com origem no estrangeiro como a nível nacional.
Estas campanhas de desinformação pretendem “atrasar a ação climática, corroer a confiança nas instituições democráticas e polarizar o discurso público”, lê-se na informação divulgada.
Neste sentido, a organização não-governamental concluiu que a persistência e difusão de narrativas conspiratórias sobre o clima refletem uma profunda corrente de desconfiança nas instituições, na ciência e na governação sobre a matéria.
Além disso, “o enquadramento da política climática na guerra cultural, visível nos ataques partidários, na reação populista e nos ‘slogans’ que retratam a ação climática como autoritária ou elitista, tornou-se um poderoso vetor de ceticismo climático”.
Segundo o relatório, este ceticismo, em conjunto com ansiedades nacionais em torno da estabilidade económica, identidade agrícola ou autonomia regional, agrava não só o seu poder como enfraquece a capacidade de criar resiliência à desinformação sobre o clima.
“O portal Kombat, ligado à Rússia, desempenhou um papel verificado na amplificação da desinformação climática em canais alemães, franceses e holandeses. A sua estratégia de redistribuição de conteúdos internacionais para audiência locais (…) ilustra o modelo ágil e de baixo custo de branqueamento de narrativas”, explica a organização.
A desinformação liderada pelas grandes petrolíferas continua a ser limitada, pois embora as narrativas alinhadas com os interesses dos combustíveis fósseis fossem proeminentes, estas carecem de atribuição direta às empresas.
O relatório apela ainda a uma responsabilização das plataformas digitais na UE, através do Regulamento dos Serviços Digitas (DSA, em inglês), pois estas estão a explorar uma falta de clareza sobre o estado da desinformação climática para evitar consequências.
O relatório “HEAT: Agendas e Táticas Ambientais Prejudiciais” é uma investigação conjunta da Logically e do EU DisinfoLab.