“Dia desastroso para o ambiente marinho”: China condena Japão por descarga de água de central nuclear
Esta quinta-feira, o governo do Japão começou a descarregar no oceano Pacífico a água retida há mais de 10 anos em reservatórios na central nuclear de Fukushima, que ficou operacional depois de um sismo em 2011.
A medida, que a liderança japonesa diz ser essencial para desmantelar a central e dar início à sua reconstrução, tem sido fortemente contestada por organizações ambientalistas, que dizem ameaçar os ecossistemas marinhos, bem como a subsistência das comunidades humanas na região de Fukushima e dos países vizinhos.
A China é uma das vozes que se opõe à ação do vizinho asiático. Em conferência de imprensa, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês apelou ao governo do Japão para parar a descarga de água da central nuclear, para que o dia 24 de agosto não seja “um dia desastroso para o ambiente marinho”.
Wang Wenbin alertou que “o impacto negativo da descarga no oceano não pode ser revertido” e que “se o Japão não mudar de rumo, terá de arcar com a responsabilidade histórica por esta decisão”.
Embora o plano japonês não tenha recebido qualquer oposição por parte da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o regulador nuclear internacional nunca chegou efetivamente a aprovar a descarga das águas de Fukushima, limitando-se sempre a dizer que o plano cumpre as normas internacionais de segurança em vigor.
O porta-voz da diplomacia chinesa avisou que o governo “tomará as medidas necessárias para salvaguardar firmemente o ambiente marinho, a segurança alimentar e a saúde das pessoas”.
“É injustificado, insensato e desnecessário que o Japão siga em frente com o plano de descarga no oceano. Instamos o Japão a não impingir ao risco da poluição nuclear ao resto da humanidade para alcançar os seus interesses egoístas”, lançou Wang.
A China anunciou a proibição imediata da importação de produtos marinhos do Japão, alegando riscos para a saúde humana devido à “contaminação radioativa” das águas.
Esta quinta-feira, manifestantes juntaram-se em frente à embaixada japonesa em Seul, na Coreia do Sul, para protestarem contra a descarga das águas de Fukushima, que eram usadas para arrefecer os reatores nucleares durante o funcionamento da central. Relata-se que 14 pessoas foram detidas pelas autoridades policiais.
Depois do anúncio da data para a libertação das águas de Fukushima, a organização ambientalista Greenpeace acusou o governo japonês de ignorar as evidências científicas, que apontam para graves riscos de contaminação da vida marinha e a destruição dos meios de subsistência das comunidades costeiras e piscatórias da região, de violar os direitos humanos desses grupos humanos e de infringir o direito marítimo internacional.
“Estamos profundamente desiludidos e indignados com o anúncio do governo japonês para libertar no oceano água que contém substâncias radioativas. Apesar das preocupações dos pescadores, dos cidadãos, dos residentes de Fukushima e da comunidade internacional, especialmente na região do Pacífico e dos países vizinhos, esta decisão foi tomada”, declarou, em comunicado, Hisayo Takada, da Greenpeace Japão.
Os ambientalistas criticam o governo nipónico de ceder às exigências da empresa responsável pela central nuclear, a TEPCO, e de quererem convencer o público de que não há alternativa ao despejo da água no oceano.