Dia Europeu sem Carros: quais as prioridades?
No dia em que se comemora o Dia Europeu sem Carros- este ano sob o tema “mobilidade verde, partilhada e inteligente” – a associação Zero estabelece algumas prioridades que acredita podem e devem ser postas em prática já.
Com o objectivo de melhorar a qualidade de vida de quem vive nas cidades com maior dimensão, a associação partilha um conjunto de medidas na área da mobilidade sustentável, a saber:
1- Prioridade à partilha e não à propriedade
Para a Zero a grande mudança no paradigma da mobilidade, mais do que na infra-estrutura, nos preços, na tecnologia, está na atitude de cada cidadão. Vivendo num contexto de recursos escassos, é fundamental perceber que “o mais relevante é a capacidade de nos movermos, preferencialmente de forma partilhada e sustentável e, portanto, mais económica e amiga do ambiente, do que sermos proprietários de um automóvel.”
2- Empresas com política responsável de mobilidade
As empresas com mais de 250 trabalhadores devem ter uma política e um plano de mobilidade obrigatório para os seus serviços e para os colaboradores, com metas a cumprir em termos de emissões, nomeadamente apoiando o recurso ao transporte colectivo, a sistemas de partilha de veículos e de bicicletas e investindo em veículos eléctricos.
3- Melhorar o transporte público e penalizar o transporte individual
Bilhética complicada, horários limitados, falta de conforto, custos elevados são alguns dos motivos apontados para a fraca utilização dos transportes públicos por quem entra nas grandes cidades. Encontrar soluções que impulsionem a utilização de transportes colectivos, como facilitar o estacionamento a baixo custo nas zonas periféricas das cidades e impor mais limitações ao uso do carro no interior dos centros urbanos, informando a população das alternativas de uma mobilidade mais sustentável e partilhada, deve ser prioridade para as autarquias dos grandes centros urbanos.
4- Expandir as zonas pedonais e cicláveis
A fracção da denominada mobilidade suave (andar a pé ou de bicicleta) em Portugal é muito reduzida por comparação com outros países europeus. Dados do Eurostat 2016, mostram que a seguir a Malta, Portugal é o segundo país europeu com menor uso da bicicleta como modo de transporte. A existência de metas municipais anuais de área pedonal e ciclável, possibilidade de benefício fiscal via IRS na aquisição de bicicleta e a implementação de sistemas de bicicletas partilhadas, são algumas das propostas da Zero neste ponto.
5- Promover o veículo eléctrico e expandir as infra-estruturas de carregamento
A mobilidade eléctrica é um pilar fundamental da descarbonização da economia aliada a um peso crescente em Portugal de electricidade proveniente de fontes renováveis. Apesar da redução de preços, a ZERO considera que há uma discriminação entre empresas e particulares, na medida em que as empresas podem recuperar o investimento através do IRC, IVA e do apoio governamental dado através do Fundo Ambiental, enquanto os particulares só podem recorrer a este último apoio no valor de 2250 euros, apoio esse que este ano já está praticamente esgotado para os mil veículos previstos. Ao mesmo tempo, a infra-estruturação da mobilidade eléctrica tem de ser rapidamente planeada e concretizada face à procura actual e principalmente futura, de modo a permitir a quem viva em locais sem possibilidade fácil de carregamento o poder efectuar.
Foto: Christyam de Lima / flickr