Dia Nacional da Sustentabilidade “tem de ser um dia de inquietação individual e coletiva”



Com o mote nas grandes decisões e pequenas escolhas fazemos a diferença, a Associação da defesa do consumidor definiu como objetivos para esta campanha a consciencialização dos portugueses sobre a importância da mudança de comportamentos em prol do Planeta e a relevância da implementação do Dia Nacional da Sustentabilidade, a celebrar-se a 25 de setembro.

“Está a chegar o Dia S” é o mote da vossa campanha que pretende sensibilizar o País para a importância de mudar comportamentos e de instituir o Dia Nacional da Sustentabilidade a 25 de setembro. Como está a correr a campanha? 

A Campanha ainda está a decorrer, mas já espelha um forte compromisso de e com os nossos parceiros – Cepsa, a Lusitânia Vida, o Lidl, a MEO, o MSC e Bureau Veritas – relativamente ao desígnio coletivo de criarmos uma sociedade mais sustentável. Acreditamos, ainda, que a campanha do Dia S vai contaminar positivamente muitos portugueses, porque, porventura pela primeira vez, ficarão a conhecer o que as empresas a operar em Portugal já estão a fazer, e sentir-se-ão convocados para se juntar a este inadiável compromisso de salvar o nosso Planeta e preservar os nossos recursos.

Qual o impacto na sociedade portuguesa da implementação do Dia Nacional da Sustentabilidade? 

Antes de mais, destacamos a urgência do compromisso coletivo e holístico que representa. Coletivo, enquanto força mobilizadora de toda a sociedade, independentemente de género, idade ou geografia; holístico, porque convoca todos os setores, todas as marcas, todas as atividades para se tornarem sustentáveis, para diminuírem a sua pegada, para inovarem com objetivos sustentáveis.

Sabemos que estamos em urgência climática. Vemos todos os dias as consequências e a imprevisibilidade da Natureza que daí resulta. Não podemos ignorar – temos de agir. A criação do dia da Sustentabilidade vai ser uma marca anual – de balanço dos últimos 12 meses e de planificação dos 12 seguintes. Não é um dia de comemoração. Tem de ser um dia de inquietação individual e coletiva.

As ferramentas   que disponibilizaram no vosso site, como a calculadora ambiental que dá uma ideia da nossa pegada ecológica e de como devemos mudar o seu consumo tem sido muito utilizada?

Nos últimos 12 meses contámos 24 887 visualizações da nossa calculadora, mas queremos muito mais. Está provado que a implementação de práticas sustentáveis – de uma empresa ou de um consumidor – decorre, ab initio, de uma necessária mudança de mentalidade, de um processo de consciencialização, e só depois de uma alteração comportamental. Por isso, a nossa calculadora também quer ter esse efeito de despertador mental. Este é um movimento que não pode deixar ninguém indiferente.

Quais as maiores dúvidas colocadas pelos leitores e pode dar-nos três experiências tendo em vista um planeta aprovado pelo futuro por eles partilhadas?

A grande dúvida continua a prender-se com a eficiência energética dos equipamentos, por exemplo, de climatização ou aquecimento de água, e eficácia dos redutores de caudal. Seguem-se as incertezas relacionadas com um dos maiores problemas nacionais – a eficiência energética das nossas habitações. Por fim, há uma grande procura por conteúdos de experiência, isto é sobre o nosso trabalho com as famílias que seguem uma lógica de ‘desperdício zero’ e sobre as suas práticas diárias.

Para controlar e reverter crise climática são necessárias alterações profundas aos comportamentos e hábitos de todos e muitas verificaram-se com a pandemia da covid-19. As pessoas mantiveram esses bons hábitos? 

Infelizmente, necessitamos de aprofundar o nosso compromisso coletivo com as metas nacionais da sustentabilidade. Temos de vencer alguma inércia, e uma ideia errada de desvalor do pequeno contributo individual – é da soma dos compromissos individuais que nasce a verdadeira mudança. É, também, da soma das tendências decorrentes das escolhas dos consumidores que as marcas percebem as mudanças que têm de introduzir nos seus produtos, embalagens ou processos produtivos. Precisamos de mais compromisso e mais ação.

O vosso alvo é um consumidor sustentável, que modele os seus comportamentos de consumo com responsabilidade e consiga, assim, levar a oferta (a indústria e as empresas) a mudar a sua atitude no mesmo sentido. Já se notam alterações desde que este dia foi reconhecido, ou seja, há cerca de um ano?

Para ser otimista, ainda há muito para fazer. Já começámos, já nos empenhámos, mas esmorecemos, tornámo-nos céticos. É necessário que nas nossas casas, nos nossos trabalhos, nas nossas empresas, nas nossas cidades e aldeias, se implemente uma rota para a sustentabilidade. Com a proposta da criação do Dia da Sustentabilidade, e que não existe em nenhum país europeu, queremos que o país demonstre aos cidadãos que não podem continuar a consumir e a desperdiçar alienados das consequências que daí advêm. Desde as compras por sazonalidade e não por necessidade, como no caso da roupa, passando pelo deslumbramento tecnológico e a troca desnecessária de equipamentos, passando pelo obsceno desperdício alimentar ou pela forma pouco responsável do consumo de água ou energia, todos continuamos a contribuir para o desastre coletivo. É altura de invertermos o sentido. A Deco Proteste tem feito o seu papel, quer junto dos decisores e gestores, propondo medidas e ações, quer junto dos consumidores, proporcionando-lhes informação e ferramentas para a ação. Recusamos uma via de demagogia ou a poesia climáticas, que têm belos princípios, mas ação escassa. Como noutros casos, assumimos, a primeira linha desta batalha.

Que conselhos práticos podem dar aos consumidores para o dia-a-dia relativamente ao uso da água, gestão de resíduos domésticos, mobilidade e alimentação? 

Adequar o consumo às suas reais necessidades. Privilegiar o consumo racional, investir em medidas e equipamentos orientados para a máxima eficiência energética. Reduzir, reutilizar, reciclar. Otimizar a sua pegada. Criar novos hábitos mais sustentáveis e sensibilizar todas as gerações para esta necessidade. Esta não é, apenas, uma luta para o futuro. É uma luta do presente com consequências importantes no futuro.





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