Dingos lutam contra extinção
Os cães australianos – dingos –, subespécie agressiva do lobo cinzento que vive sobretudo no país-continente, são cada vez mais raros, de acordo com a Associação de Preservação do Dingo Australiano.
“Embora possam parecer cães e ter quatro patas e abanar a cauda, eles são animais selvagens e precisamos de os respeitar e tratar como tal”, explicou à AFP a presidente da associação, Amanda McDowell.
Uma das formas de proteger o dingo passa, precisamente, por perceber que este animal, apesar das parecenças, não é um cão. “Esta é a mensagem que realmente devemos passar, porque frequentemente são muito associados com cães domésticos”, explicou Matt Williams, criador destes animais.
Embora muitas pessoas se sintam tentadas a dar carinho a animais com aparência canina, instintivamente acariciando sua cabeça ou orelhas sem esperar uma reação adversa, as coisas são diferentes com os dingos.
Apesar de sua ferocidade, o dingo – que, segundo evidências fósseis, está na Austrália há pelo menos 3.500 anos –luta pela própria sobrevivência. Um dos grandes perigos é o seu cruzamento com cães domésticos.
Na verdade, Amanda McDowell diz que o fim do animal não pode ser evitado, apenas adiado. “Está realmente à beira da extinção. Muitas pessoas têm a percepção de que há muitos dingos lá fora. Mas, na verdade, são apenas cães miscigenados, não são dingos puros”, explicou a responsável à AFP.
Segundo a responsável, a situação do animal é “exactamente igual à do lobo-da-austrália” – mais conhecido como o tigre da Tasmânia, cujo último exemplar acredita-se que tenha morrido no zoo de Hobart, em 1936.
É difícil identificar quantos dingos ainda existem na natureza, mas o biólogo conservacionista Mike Letnic, da Universidade de Nova Gales do Sul, admite que há já muita miscigenação perto das grandes cidades. E que começou, na verdade, em 1788, quando chegaram os primeiros cães europeus.
Assim, Letnic afirma que os dingos estão “basicamente extintos” em áreas onde há criação de ovinos ou cultivo de trigo – os animais são considerados pragas pelos agricultores.
Os dingos tornaram-se conhecidos mundialmente quando Azaria Chamberlain, um bebé de nove semanas, foi capturado por um destes animais num acampamento de Uluru, centro da Austrália, em 1980. A sua ferocidade ficou exposta neste caso – ao qual se somaram outros – mas nem isso alertou a comunidade para o facto de os dingos não serem animais domésticos. E que, por isso, precisam de protecção especial, como outros animais selvagens.
Foto: quollism / Creative Commons