Dono da maior exploração de rinocerontes na África do Sul quer vender o negócio
O dono da maior exploração de rinocerontes na África do Sul anunciou hoje que vai vender o espaço por não conseguir suportar os custos do projeto que pretendia salvar esta espécie da caça ilegal.
“A criação de rinocerontes é um ‘hobby’ caro’, disse John Hume, de 81 anos, citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), explicando a razão de ir fechar a maior quinta do país, que abriu em 2009 numa propriedade de 8.500 hectares, albergava 2 mil rinocerontes brancos e onde trabalhavam cerca de 100 pessoas.
No ano passado, o proprietário já tinha dito que ia começar a devolver 100 rinocerontes à natureza todos os anos, e hoje explicou à AFP que a criação destes animais “é um negócio de 30 anos sem lucro”.
Tratar de um destes animais até aos 4 anos custa o equivalente a 26 mil euros, exemplificou, acrescentando que a organização que dirige o projeto, a Platinum Rhino, está à procura “de um comprador, um indivíduo ou uma fundação, com uma paixão pela conservação dos rinocerontes e os meios para continuar a criá-los”.
A África do Sul alberga quase 80% da população mundial de rinocerontes, e tornou-se um foco de caça furtiva, impulsionada pela procura asiática, onde os chifres são utilizados na medicina tradicional pelos seus alegados efeitos terapêuticos ou afrodisíacos.
No ano passado, 448 rinocerontes foram mortos na África do Sul, menos três do que no ano anterior, de acordo com os números oficiais citados pela AFP, que associa a ligeira redução ao reforço das medidas contra a caça furtiva nos parques nacionais.
Em 2017, John Hume organizou uma controversa venda online de chifres de rinocerontes para angariar dinheiro para a sua conservação, provocando a indignação dos conservacionistas, mas o proprietário defendeu a iniciativa, dizendo que o fez para evitar que os caçadores furtivos atacassem os grandes mamíferos terrestres e salientando que os animais são anestesiados e que o corte dos chifres, que depois voltam a crescer, é feito de forma indolor por um veterinário.
O corno de rinoceronte, que é composto inteiramente de queratina, vale 60.000 dólares (56 milhões de euros) por quilo no mercado negro, acima do preço de mercado da cocaína, segundo a AFP.