É Melhor Saber: “É possível quebrar a cadeia de transmissão do vírus da Sida”
O movimento É Melhor Saber quer pôr todos os portugueses a fazerem o teste do VIH/Sida – que é gratuito, indolor, voluntário e confidencial – uma vez que a necessidade do diagnóstico precoce é essencial na luta contra o vírus.
Esta foi a principal mensagem deixada pelos vários responsáveis presentes hoje de manhã, na Fundação Gulbenkian, na apresentação do É Melhor Saber.
“É possível quebrar a cadeia de transmissão do vírus da Sida. Espero que esta seja uma nova era, acredito neste projecto e sei que é possível, em pouco tempo, termos uma geração sem Sida”, explicou o deputado Ricardo Baptista Leite, coordenador do grupo de trabalho do VIH/Sida na comissão de saúde da Assembleia da República.
“A maioria dos portugueses que tem uma vida sexualmente activa ou usou drogas corre um risco”, alertou Luis Mendão, que deu a perspectiva de doente, uma vez que vive com Sida há 16 anos. “O teste tem de ser gratuito, confidencial e voluntário. E é. Se não investirmos num diagnóstico tão precoce quanto possível, não vamos poder controlar a infecção”, continuou.
Tão importante como fazer o diagnóstico precoce, de acordo com o director do programa nacional de combate à infecção VIH/Sida, Henrique Barros, é garantir, em caso de infecção, os respectivos cuidados de saúde.
“É eticamente reprovável propor o rastreio sem haver meios no terreno. Assim, estamos a castigar ainda mais a vítima”, revelou Henrique Barros. “Há um compromisso que tem de ser feito neste entusiasmo da promoção do diagnóstico, [que é o dos cuidados de saúde adequados]”.
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A questão da ética no diagnóstico precoce foi abordada também por Ricardo Baptista Leite, que reforçou esta ideia com a certeza de que também os profissionais de saúde terão de ter melhores condições. “Ao aumentar drasticamente o número de pessoas que conhecem que estão infectadas, há que dar todas as condições aos profissionais de saúde”, recordou o responsável.
A verdade é que as condições do tratamento do VIH/Sida têm tido grandes melhorias, ao longo dos anos. “Sou médica há 32 anos e é muito melhor, hoje, trabalhar com pessoas infectadas, é mais fácil. Mas continuamos a falhar no diagnóstico”, revelou Teresa Branco, da APECS (Associação Portuguesa para o Estudo Clínico da Sida).
A responsável recordou que ainda há muitas pessoas que chegam “num estado tardio” da infecção. “Esta necessidade do diagnóstico precoce é muito, muito importante. Até do ponto de vista de saúde pública”, concluiu.
Finalmente, Ricardo Baptista Leite mostrou-se desapontado pela evolução do número de infectados, ao longo dos anos, em Portugal. “Algo se passa em Portugal… porque até achamos que se está a fazer tudo bem, no que toca à luta contra a Sida, mas apenas a Estónia e Letónia, na Europa, têm piores estatísticas”.
E os dados são mesmo impressionantes. De acordo com o deputado, há 37 mil infectados em Portugal, sendo que há uma população potencial de outros 30 mil que não sabe do seu estado serológico.
Daí que, voltando ao início do artigo, é necessário fazer o teste do VIH/Sida, porque só assim poderemos quebrar a cadeia de transmissão do vírus.
Saiba também porque fazer o teste da Sida é um acto de cidadania.