“É o fim da sopa nos Van Goghs”: Just Stop Oil anuncia pausa em ações diretas de protesto



Três anos depois de ter entrado em cena com os seus coletes cor-de-laranja, a organização ativista britânica Just Stop Oil anuncia o fim da ação direta a partir do próximo mês de abril.

A Just Stop Oil fez manchetes um pouco por todo o mundo, definindo-se pelas táticas de lançamento de tinta, sopa e puré de batata a obras de Arte, de bloqueio de estradas e de marchas lentas.

Em comunicado, os ativistas dizem que o fim da ação direta se deve ao facto de as exigências iniciais da organização terem agora força de lei no Reino Unido.

“A exigência inicial da Just Stop Oil para acabar com novas explorações de petróleo e de gás é agora política governamental, fazendo de nós uma das campanhas de resistência civil mais bem-sucedida da história moderna”, aponta a organização.

A organização reclama como vitória o facto de ter conseguido “manter mais de 4,4 mil milhões de barris de petróleo no solo” e a justiça britânica ter considerado ilícita a emissão de novas licenças de exploração de combustíveis fósseis.

Contudo, apesar de dizer que “é o fim da sopa nos Van Goghs”, a Just Stop Oil promete que continuará a atuar por via de ações legais, de vigilância, de julgamentos e da defesa do direito de protesto no país.

Recordando que “expusemos a corrupção no centro do nosso sistema legal, que protege aqueles que causam morte e destruição enquanto processa aqueles que procuram minimizar os prejuízos”, a organização garante que continuará a “dizer a verdade nos tribunais, a defender os nossos prisioneiros políticos e a denunciar as leis anti-protesto opressivas do Reino Unido”.

Em três anos de existência, os ativistas da Just Stop Oil foram detidos cerca de 3.300 vezes e presos 180 vezes.

“Isto não é o fim da resistência civil”, avisa, pois “governos por todo o lado estão a recuar no que precisa de ser feito para proteger-nos das consequências da queima descontrolada de combustíveis fósseis”.

“À medida que nos encaminhamos para os 2ºC de aquecimento global até 2030, a ciência é clara: milhares de milhões de pessoas terão de se deslocar ou morrerão e a economia global colapsará”, alerta, apontando as culpas à “classe político moralmente falida”.

No que parece ser uma crítica velada ao governo norte-americano, a Just Stop Oil diz que “enquanto as empresas e os multimilionários corrompem os sistemas políticos em todo o mundo, precisamos de uma abordagem diferente”.

“Só uma revolução nos protegerá das tempestades que se avizinham”, lança.

O último grande protesto da Just Stop Oil decorrerá no dia 26 de abril, na Praça do Parlamento, no centro de Londres.






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