El Niño terá o efeito mais devastador das últimas duas décadas



Em 1997, o El Niño teve a sua versão mais destruidora e dramática de sempre e tornou-se conhecido de todo o globo, numa altura em que a internet já existia em muitas casas e os canais por cabo multiplicavam-se a cada mês.

Nesse ano, o fenómeno – que acontece em intervalos de sete em sete anos – aqueceu as águas do Pacífico até cinco graus, e o resultado foi uma montanha-russa na pressão atmosférica, com mudanças bruscas na intensidade e rumo dos ventos. “Houve secas onde era para chover e tempestades onde devia apenas chuviscar”, como explica o Planeta Sustentável.

Calcula-se que o El Niño terá levado à morte de 23.000 pessoas e deixado €62 mil milhões de prejuízos materiais, números terríveis quando se sabe que o El Niño regressa este ano e que será mais violento que o de há 18 anos.

Há duas formas principais de identificar a chegada deste fenómeno. Uma delas é medir a temperatura das águas superficiais do Pacífico tropical. Se a elevação passar dos 0,5 graus, existirá um El Niño. Caso ela supere os 1,5 graus, considera-se que ele é intenso. Hoje, o aumento é cerca de 1 grau, mas há quem aposte que ele chegará aos três graus.

A outra forma de o identificar é através do chamado Índice de Oscilação do Sul (SOI). Trata-se de um número, neutro, positivo ou negativo, que mede a diferença da pressão atmosférica entre dois pontos da Terra, um na cidade australiana de Darwin e o outro no Taiti. Em situação normal, ambos têm a mesma pressão. Quando há um El Niño, cria-­se uma diferença negativa entre eles.

As previsões para 2016 demonstram que estamos na iminência de um grande El Niño, uma vez que há similaridades evidentes entre 1997 e 2015. Além da alta possibilidade de a temperatura média do Oceano Pacífico se elevar novamente mais de dois graus, nos dois casos a diferença apontada pelo SOI gira em torno de -15, o que evidencia uma disparidade radical entre a pressão atmosférica na Austrália e no Taiti.

Um comunicado da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa) alerta para o facto de que as piores consequências estão por vir. Há, segundo os especialistas, 85% de probabilidade de o fenómeno continuar, pelo menos, até Abril do ano que vem.

Para além de pôr em causa milhares de vidas, o El Niño afecta as culturas – a Associação dos Exportadores e Indústrias de Café da Indonésia já veio dizer, por exemplo, que a previsão de cultura de café foi reduzida em 150.000 toneladas.

O nome El Niño foi inventado por pescadores do Peru e Equador para lembrar o Menino (Niño) Jesus, uma vez que as correntes marítimas quentes e inesperadas chegavam perto do Natal. E este ano, como será?

Foto: Ingrid Taylar / Creative Commons





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