“Ela era a protetora silenciosa das nossas florestas”: Vatsala, considerada a elefanta mais velha da Ásia, morre com mais de 100 anos

No passado dia 8 de julho, Vatsala, considerada a elefanta-asiática (Elephas maximus) mais velha do mundo, morreu com mais de 100 anos no Parque Nacional de Panna, no estado indiano de Madhya Pradesh.
De acordo com as informações divulgadas por esse parque, Vatsala, também conhecida como “Dadi Maa” e “Dai Maa”, alcunhas que refletem o papel do grande mamífero como matriarca e cuidadora, nasceu por volta de 1917 nas florestas de Nilambur, em Kerala, na Índia.
Começou a sua vida como um animal de carga, usada para transportar madeira cortada. Por volta de 1970, quando o país adotou legislação para proteger os elefantes, Vatsala foi resgatada da vida de trabalho e levada para a cidade de Hoshangabad, em Madhya Pradesh. Em 1993, foi finalmente transferida para o Parque Nacional de Panna, onde passou o resto da sua longa vida.

Enquanto no parque, Vatsala ajudou as equipas a detetarem tigres para integrar no seu programa de conservação do felídeo selvagem. Depois de 2003, altura em que se “reformou” dessa função, atuou como mãe adotiva de jovens elefantes órfãos resgatados que chegavam ao parque e líder da sua manada.
O parque recorda-a como tendo “uma natura gentil e uma presença icónica” e como sendo uma grande atração para os visitantes.
Nos últimos dias da sua vida, Vatsala lutava contra vários problemas de saúde, como a perda de visão. Apesar dos esforços do pessoal veterinário, que ajudaram a que alcançasse uma idade tão avançada para a sua espécie (estima-se que os elefantes-asiáticos vivam, em média, 70 anos na Natureza e mais de 80 em cativeiro), a matriarca acabou por falecer devido à falência de múltiplos órgãos, atribuída à sua idade.
Mohan Yadav, líder do governo do estado de Madhya Pradesh, escreveu na rede social X (antigo Twitter) que Vatsala “não era apenas uma elefanta, ela era a protetora silenciosa das nossas florestas, uma amiga de gerações e um símbolo das emoções de Madhya Pradesh”.
‘वत्सला’ का सौ वर्षों का साथ आज विराम पर पहुंचा। पन्ना टाइगर रिज़र्व में आज दोपहर ‘वत्सला’ ने अंतिम सांस ली।
वह मात्र हथिनी नहीं थी, हमारे जंगलों की मूक संरक्षक, पीढ़ियों की सखी और मप्र की संवेदनाओं की प्रतीक थीं।
टाइगर रिज़र्व की यह प्रिय सदस्य अपनी आंखों में अनुभवों का सागर… pic.twitter.com/u8a6ZBAKEj
— Dr Mohan Yadav (@DrMohanYadav51) July 8, 2025
“Ela já não está entre nós, mas a sua memória continuará para sempre viva no nosso solo e na nossa mente”, salienta o responsável.
Em nota, o Parque Nacional de Panna refere, em jeito de homenagem, que “a vida de Vatsala serve como um poderoso lembrete da importância da proteção dos elefantes e da profunda ligação entre os humanos e os animais selvagens”.
E assegura que “o seu legado continuará a inspirar entusiastas da vida selvagem e a impulsionar futuras iniciativas de conservação na Índia”.
Os elefantes-asiáticos são considerados uma espécie “Em Perigo” de extinção, de acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza. As suas populações, outrora presentes por toda a Ásia e agora confinadas a pequenos núcleos fragmentados no sudeste asiático, continuam em declínio, especialmente devido à degradação e perda de habitat, à caça-furtiva, ao tráfico do seu marfim e aos conflitos com humanos.
Embora não se saiba ao certo quantos elefantes-asiático restam no mundo, estimativas apontam para menos de 50 mil indivíduos.
O corpo de Vatsala foi cremado no Parque Nacional de Panna, durante cerimónias fúnebres para honrar o legado deixado pela matriarca.