Em 2011, seremos sete mil milhões
Na véspera de Ano Novo, estavam 6,9 mil milhões de seres humanos sobre o planeta, mais do dobro do que há apenas 50 anos. Este ano, o número deve chegar aos sete mil milhões, segundo as últimas estimativas das Nações Unidas. Em meados deste século, haverá nove mil milhões de pessoas.
Para muitos, os valores irão colocar a Terra à beira do colapso, mas há vários especialistas que defendem que não se trata de pessoas a mais, mas sim de uma má gestão dos recursos naturais, cada vez mais limitados.
A Fundação de População Mundial (DSW, em alemão) é uma das instituições que volta a trazer as teorias de Thomas Malthus à luz do dia, argumentando que a população cresce mais rapidamente que os recursos. Malthus, em 1798, já previa que as guerras e a fome se agudizassem, por haver falta de recursos e por ser indispensável uma espécie de “equilíbrio” no mundo.
Segundo a DSW, nascem 2,6 bebés a cada segundo, a nível mundial, sendo que 82% da população vive em continentes em vias de desenvolvimento, como por exemplo na África, onde as pessoas são cada vez mais e a um maior ritmo. Até 2050, a população africana deverá chegar aos dois mil milhões, o dobro do que o verificado no ano que agora terminou.
Segundo a directora da DSW, Renate Bähr, aponta as gravidezes não desejadas como a principal causa deste aumento desmesurado de população e as suas consequências. “A pobreza na África ficaria reduzida a um quinto se pudessem controlar-se este tipo de situações”, apontou. “Se queremos combater a pobreza, temos de evitar as gravidezes, as pessoas têm de ter informação sobre contracepção», defendeu.
Ainda assim, seremos de facto tantos? A Associação da População americana argumenta que, se fossem dados 500 metros quadrados a cada família do mundo, a população mundial ocuparia um território semelhante ao Estado do Texas, nos EUA. O ritmo de crescimento, por seu lado, diminuiu mais de 40% desde os anos 70 e, na Europa, a taxa de natalidade é demasiado baixa para garantir a renovação da população.
A população irá estabilizar, mas não pode ser através do planeamento familiar imposto, defende, por seu lado, o demógrafo Julio Pérez Días. “Quando, em África, se viver melhor, eles terão menos filhos”, argumentou, em declarações ao jornal El Mundo.
Ao ritmo a que o mundo vai, em termos ecológicos, são precisos dois planetas e meio para satisfazer todas as necessidades actuais de consumo. “A bomba é a combinação de uma população muito elevada com um consumo desaforado”, justificou, acrescentando que, “se cada um dos seres humanos usasse o mesmo número de recursos, rebentaria”.