Em Boticas há 1500 cabras e ovelhas a ajudar a prevenir incêndios rurais



No concelho de Boticas há cerca de 1.500 cabras e ovelhas que estão a ajudar a prevenir incêndios rurais no âmbito de uma candidatura submetida pela cooperativa agrícola local ao programa “Cabras Sapadoras” lançado pelo Governo.

Em Boticas, distrito de Vila Real, a iniciativa resulta de uma candidatura apresentada ao programa “Cabras Sapadoras” que contou com a adesão de 10 pastores, tem 1.500 ovinos e caprinos e uma área de cerca de 100 hectares.

No terreno os animais pastam em zonas de risco de incêndios, fazendo a gestão de combustíveis e a limpeza de matos.

Segundo João Paulo Catarino, no país estão a ser apoiados pelo programa cerca de 12.000 animais dispersos por 53 projetos.

O presidente da cooperativa, Albano Álvares, disse à Lusa que, em Boticas, o projeto está “alicerçado nas novas tecnologias”, explicando que os rebanhos possuem um ‘kit’ de georreferenciação para seguir em permanência os trajetos dos animas e no terreno as cercas são alimentadas por energia solar.

Acrescentou que o financiamento de cerca de 50 mil euros vai ser distribuído pelos pastores ao longo dos cinco anos de duração do projeto, estando no segundo ano de implementação.

“Os rebanhos estão a contribuir, aliás eles contribuíram toda a vida, mas depois com o abandono do mundo rural obviamente que cada vez vai havendo menos pastores. Mas se nós fizermos uma localização precisa dos locais onde há probabilidades de incêndio e se pusermos os animais a pastorear nesses territórios, obviamente que eles mitigam e muito os incêndios nesses locais”, salientou o dirigente.

Albano Álvares adiantou ainda que gostaria de ver o projeto ampliado para outros territórios do concelho.

O secretário de Estado disse que esta ida ao terreno vai permitir também “avaliar o programa”, referindo que estava previsto o lançamento de novas candidaturas em janeiro.

Mas este é apenas um dos projetos e iniciativas da CAPOLIB que vão ser visitados na sexta-feira pelo membro do Governo.

Para João Paulo Catarino, a CAPOLIB é “um ótimo exemplo de como se pode e deve aproveitar um conjunto de instrumentos financeiros que têm estado a ser disponibilizados direta ou indiretamente pelo Ministério do Ambiente”, como o Fundo Florestal Permanente, o Fundo Ambiental, o Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) e o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR).

“Esta cooperativa tem praticamente à volta de cinco milhões de euros de investimento em curso. Estamos a falar de taxas de comparticipação entre os 85% e os 100% para projetos como as ‘Cabras Sapadoras’, faixas de gestão de combustível, arborizações e rearborizações e condomínios de aldeia, que é no fundo a transformação da ocupação do solo à volta dos aglomerados populacionais para ocupações agrícola para ajudar a defender as edificações dos incêndios florestais”, referiu.

São, na sua opinião, “apoios muito significativos” e que “transformam o Alto Tâmega”.

João Paulo Catarino vai também observar o trabalho que está a ser feito no âmbito do agrupamento de baldios, a nível da plantação, limpeza, ordenamento e de gestão florestal.

“Estamos a ultimar um aviso que sairá nos próximos dias para 25 milhões de euros para intervenções apoiadas a 100% em áreas comunitárias e perímetros florestais”, aproveitou para anunciar o governante.

Esta verba, financiada pelo REACT-EU, o mecanismo de emergência de Assistência à Recuperação para a Coesão e os Territórios da Europa, criado para responder à crise provocada pela pandemia, destina-se a reflorestação de áreas ardidas, arborizações de áreas baldias e instalações de pastagens melhoradas onde existirem rebanhos comunitários ou privados.





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