Em que se transformará Grândola em 2032?



O Concelho de Grândola tem pela frente um momento-chave: grandes investimentos turístico-imobiliários, agrícolas, ferroviários e mineiros, entre outros, mudarão para sempre a região. Para discutir este assunto, a Proteger Grândola realiza uma sessão de esclarecimento na próxima terça-feira.

A Proteger Grândola – Associação de Defesa do Ambiente irá realizar em Grândola, a 18 de abril, entre as 16h30 e as 20h00 horas, uma sessão de informação dedicada ao ambiente. O encontro será aberto ao público e decorrerá no Cineteatro Grandolense, em Grândola.

Nesta sessão, dois oradores especialistas irão apresentar dados sobre a escassez da água e o ordenamento do território. O programa inclui um debate focado no impacto a longo prazo dos vários grandes projetos em curso no concelho. Uma parte da sessão será reservada a perguntas e a respostas do público.

Os oradores são os Professores Rui Ferreira dos Santos e João Joanaz de Melo, ambos da Universidade Nova de Lisboa. A moderação do debate será da Prof. Teresa Pinto Correia da Universidade de Évora e a sessão será conduzida pelo repórter Vítor Matos, jornalista do “Expresso”.  Foram também convidados representantes da Câmara Municipal de Grândola, da CCDR Alentejo, do ICNF, da APA, do Turismo de Portugal, assim como da Associação dos Agricultores de Grândola e outras ONGs.

Temos um Concelho com 13 mil habitantes que perdeu sete por cento da população no período que mediou os dois últimos censos. Apesar deste facto, encontram-se previstas mais de 30 mil camas turísticas. Grândola tem ainda uma exploração mineira classificada de PIN (projeto de interesse nacional) sem que tivesse havido a necessária consulta à população.

A Proteger Grândola tem ainda a informação de que está previsto um traçado novo de ferrovia que desventrará o concelho e destruirá parte do melhor montado do país. Não é conhecido qualquer estudo de impacto ambiental a dez anos que informe a população local — e o país — sobre o que acontecerá ao conselho em 2032.

Com tantos projetos em curso, haverá certamente numerosas carências do ponto de vista das infraestruturas, tais como recolha e tratamento de resíduos, cuidados de saúde e habitação para os trabalhadores dos novos projetos. Mas mais grave será certamente a escassez de água.

Com o consumo de água a aumentar substancialmente por causa dos referidos projetos, mas também empolado por três novos campos de golfe e pelas novas explorações intensivas de abacate e tangerina, o desfecho é fácil de antecipar: faltará a água. É importante recordar que o concelho de Grândola só tem acesso a água subterrânea, com aquíferos limitados na zona sul, a mais populosa, e não existe — nem sequer em estudo — qualquer ligação a fontes de água alternativas.

Sem um planeamento meticuloso, Grândola enfrentará um grau de pressão sobre o território que o converterá num espaço totalmente diferente — para pior — do território preservado que ainda é hoje. A evolução é importante, desde que feita com regras, planeamento, informação pública e transparência.

A sessão tem como objetivo único partilhar informação e conhecimento técnico. A Proteger Grândola propõe melhorar a informação disponibilizada ao público no sentido de alertar para as consequências caso não se verifique uma mudança de rumo.

Esta iniciativa da sociedade civil acontece quando o PDM de Grândola se encontra suspenso e é aguardada uma revisão que deverá atender às preocupações expressas pelos especialistas e pelo público.

Guy Villax, Presidente da PG, diz: “É surpreendente que não exista qualquer estudo de planeamento estratégico ou de sustentabilidade que avalie o impacto cumulativo de tudo o que esta a acontecer nesta Concelho. A falta de juízo critico e a ausência de responsabilização para exigir o cumprimento da lei parecem-me evidentes.”

A Proteger Grândola é uma associação de defesa do ambiente nascida em 2021, com mais de 90 associados, e atenta ao concelho de Grândola. A PG tem estudado o assunto do licenciamento das camas turísticas, a situação da água e o número elevado de investimentos previstos para este Concelho.

A PG não é contra o desenvolvimento, mas não quer ver repetidas nesta região os erros que se verificaram em várias outras zonas da Península Ibérica.  O desenvolvimento não pode ser deixado às forças do mercado, deve ser fortemente regulado e obrigado a respeitar princípios de sustentabilidade explicitados na lei. É imperativo respeitar a natureza e biodiversidade, nomeadamente os ecossistemas, e respeitar as tradições sociais da terra para não descaracterizar aquilo que torna este Concelho único na Europa. Para conhecer a posição da PG visite www.protegergrandola.org e para mais informações contacte info@protegergrandola.org





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