Emissões de metano de produtores de carne ultrapassam as dos combustíveis



As emissões de metano dos grandes produtores de carne e laticínios, incluindo a brasileira JBS, rivalizam com as do setor dos combustíveis fósseis, segundo um relatório hoje divulgado pela organização não-governamental (ONG) ambientalista Greenpeace.

No relatório “Reduzir o calor: Carregar no travão de emergência nos gigantes da carne e laticínios”, a Greenpeace Nórdica sustenta que as emissões estimadas de metano de 29 empresas do setor da carne e dos laticínios analisadas rivalizam com as das 100 maiores empresas mundiais do setor dos combustíveis fósseis.

Segundo a ONG, é possível abrandar significativamente o aquecimento climático durante o nosso tempo de vida com uma transição justa do sistema alimentar que reduza a produção industrial de carne e laticínios, aumentando a alimentação à base de vegetais.

O relatório compara as estimativas de emissões calculadas para as grandes empresas do setor da carne e dos laticínios com as emissões de metano comunicadas pelas empresas do setor dos combustíveis fósseis.

A brasileira JBS S.A., a principal produtora global e que é a maior na carne de bovino e aves e a segunda maior na de porco, apesar de se ter comprometido com a redução das emissões, a única medida para reduzir as emissões da pecuária abordada extensivamente no relatório de sustentabilidade de 2022 são os aditivos para rações.

Mais recentemente, destaca o relatório, a JBS também se concentrou na produção de biogás a partir de estrume de gado como parte das suas iniciativas climáticas.

Numa comparação, a Greenpeace estima que os cinco maiores emissores de metano do setor da carne e dos laticínios – JBS, Marfrig, Minerva, Cargill e Dairy Farmers of América – excedem as emissões combinadas de metano comunicadas pelos grandes gigantes dos combustíveis fósseis, como a ExxonMobil, a Shell, a TotalEnergies, a Chevron e a BP.

A Greenpeace pede aos decisores políticos que estabeleçam regulamentação vinculativa que obrigue as empresas do setor da carne e dos produtos lácteos a comunicarem a totalidade das suas emissões (comunicando separadamente o metano, o óxido nitroso e o dióxido de carbono), sendo as empresas responsáveis pela totalidade das emissões da sua cadeia de abastecimento.

A comunicação deve ser harmonizada a nível mundial em todas as empresas, com um sistema de verificação independente.

Deverá ainda ser atualizada ou adotada legislação vinculativa para reduzir as emissões agrícolas (incluindo o metano) com objetivos concretos que reduzam o número de cabeças de gado.

A criação de uma estratégia calendarizada e um plano de execução para desviar os fundos públicos da agricultura animal em grande escala (incluindo os alimentos para animais), incentivando e expandindo um sistema alimentar baseado na agroecologia que apoie adequadamente os agricultores e os trabalhadores nessa transição é outra das medidas propostas, a par da promoção da redução do consumo de proteínas animais.





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