Emissões globais anuais de gases com efeito de estufa atingiram os níveis mais altos
Foi ontem divulgada a terceira parte do Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), orgão da Organização das Nações Unidas (ONU). Os dados revelam que entre 2010 e 2019, as emissões médias anuais de gases com efeito estufa (GEE) em todo o mundo atingiram os níveis mais altos de que há registo. Como tal, são exigidas mudanças imediatas em todos os setores, para que se consiga atingir as metas do Acordo de Paris e limitar o aquecimento global a 1,5ºC. Devem-se reduzir as emissões em 43% até 2030 e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de metano em cerca de um terço.
Ainda assim, a ação climática está a ter resultados. Como apresentam no documento, a taxa das emissões de GEE globais diminuiu, e desde 2010 que já se reduziu 85% os custos de energia solar e eólica e das baterias. Os autores referem que as políticas e leis implementadas contribuíram para melhorar a eficiência energética, reduzir as taxas de desflorestação e acelerar a implantação de energia renovável.
“As decisões que tomamos agora podem garantir um futuro habitável. Temos as ferramentas e o know-how [conhecimento] necessários para limitar o aquecimento. Sinto-me encorajado pela ação climática que está a ser tomada em muitos países. Existem políticas, regulamentos e instrumentos de mercado que estão a mostrar-se eficazes. Se estes forem ampliados e aplicados de forma mais ampla e equitativa, podem apoiar reduções profundas de emissões e estimular à inovação.”, diz Hoesung Lee, presidente do IPCC.
No setor energético, as mudanças devem ocorrer com a redução do uso de combustíveis fósseis e pela troca por combustíveis alternativos, como o hidrogénio, e com o aumento da eletrificação e da eficiência energética. Na indústria, a transição envolve o uso de materiais de forma mais eficiente, a reutilização, a reciclagem de produtos e a minimização dos resíduos. Já o papel das cidades e das zonas urbanas passa pela redução de emissões, através de um menor consumo de energia, da eletrificação dos transportes públicos, da aposta em energias renováveis e da expansão da natureza.
“As alterações climáticas são o resultado de mais de um século de energia e uso da terra, estilos de vida e padrões de consumo e produção, insustentáveis”, garante Jim Skea, co-presidente do Grupo de Trabalho III do IPCC. “Este relatório mostra como agir agora pode levar-nos a um mundo mais justo e sustentável.”
Consulte o relatório completo aqui.