Empresa brasileira cria embalagem comestível para frutas



A goiaba não é propriamente um fruto muito comido em Portugal, mas o leitor deverá saber que o seu tempo de prateleira não excede os cinco dias, mesmo que ainda seja colhido verde. Na verdade, a goiaba é muito susceptível ao ataque de fungos e pode perder qualidade mesmo sem estar madura – é grande a lista de frutos em que acontece o mesmo, sendo sensíveis à exposição nos pontos de venda e manipulação pós-colheita.

Sendo o Brasil um grande produtor de fruta, é normal que a pesquisa de embalagens de transporte tenha progredido muito nos últimos anos, no sentido de amenizar as batidas e amassos.

É aqui que entra a Embrapa, empresa brasileira que está a investigar uma embalagem comestível. A inovação foi desenvolvida por quatro pesquisadores do laboratório de embalagens de alimentos da Embrapa e diversos alunos das universidades federal, estadual e faculdades privadas. Todos eles trabalham há dois anos no desenvolvimento de diversas emulsões para o revestimento comestível de frutas.

Este revestimento funciona como uma barreira contra fungos e microrganismos e pode aumentar bastante o tempo de prateleira dos alimentos. Nos testes com a goiaba, por exemplo, o armazenamento à temperatura ambiente aumentou a vida útil de cinco para 12 a 14 dias e, sob refrigeração, chegou a 28 dias

Segundo a engenheira de alimentos Maria do Socorro Rocha Bastos, citada pelo Planeta Sustentável, as alternativas de emulsões mais promissoras têm como base um material extraído de duas plantas brasileiras: a goma do cajueiro (Anacardium occidentale) e a cera de carnaúba (Copernicia prunifera).

A cera de abelhas também serve como alternativa para este novo tipo de embalagem, assim como o alginato de algas marinhas, embora, neste caso, as pesquisas estejam ainda numa fase inicial. Cada material dá origem a um revestimento, por enquanto ainda não foram testadas misturas entre os diferentes materiais.

No laboratório, as frutas são imersas nas emulsões, uma a uma, e ficam penduradas até secar, de modo que se forme uma película protectora parecida com um filme plástico, envolvendo a fruta completamente.

“No futuro, na área de preparo dos produtos, no comércio, o ideal seria mergulhar as frutas num tanque com a formulação depois ter uma esteira com um túnel de ventilação, com ar quente, de modo que as frutas já saiam secas e revestidas”, comenta Socorro. “As emulsões devem ficar bem transparentes, para não interferir no aspecto da fruta”.

Para as frutas de casca fina, a nova embalagem é apenas uma barreira física. Com a grande vantagem de não poluir nem precisar ser retirada, como acontece com os filmes plásticos. A novidade promete revolucionar o comércio de frutas e aumentar a confiança na qualidade do alimento assim conservado.

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