Empresas de distribuição de gás querem usar hidrogénio para aquecer casas em Inglaterra
Três empresas de gás (Northern Gas Networks, Cadent e Equinor) lançaram um relatório com planos para transitar a rede de gás natural do Reino Unido para hidrogénio até 2050. O objetivo é diminuir as emissões oriundas do aquecimento doméstico, setor que é responsável por 30% das emissões de CO2 naquele país.
O relatório mostra como quase quatro milhões de casas e 40 mil negócios e indústria do norte de Inglaterra poderiam ser convertidas de gás natural para hidrogénio até 2034. O relatório também propõe um lançamento faseado para todo o país, para converter 12 milhões de habitações até 2050. Segundo os proponentes deste plano, passar a rede de aquecimento doméstico de gás natural para hidrogénio iria reduzir as emissões de dióxido de carbono em 258 milhões de toneladas por ano.
Gás disfarçado de hidrogénio?
O grande ponto de interrogação neste plano das empresas de gás é a forma como o hidrogénio seria produzido. Segundo o relatório, as empresas dizem que o hidrogénio seria produzido a partir de gás natural, numa fábrica equipada com tecnologia de captura de carbono. A ser verdade, estas empresas iriam simplesmente replicar o modelo que já existe neste momento, exceto no que toca à captura de carbono.
Atualmente, cerca de 95% do hidrogénio mundial provém do gás natural, um processo que produz bastante CO2 e está longe de ser limpo. É compreensível que empresas ligadas ao gás vejam no hidrogénio uma forma de continuarem a existir num futuro em que precisamos de cortar drasticamente nas emissões de CO2. Todavia, fica a dúvida sobre como planeiam estas empresas capturar e armazenar o CO2 produzido, dado que a tecnologia de captura de carbono é, basicamente, algo bastante conceptual que ainda não foi testado em grande escala e não se sabe se funciona. A este propósito, o relatório menciona que o CO2 poderia ser “armazenado de forma segura em aquíferos salinos como os encontrados a sul do Mar do Norte, ao longo da costa noroeste de Inglaterra”.