Energia nuclear produz menos eletricidade do que eólica e solar juntas



A energia nuclear continua em declínio e representou menos de 10% da eletricidade produzida no mundo pela primeira vez em quatro décadas, atrás das energias eólica e solar, indica um relatório anual sobre o setor, publicado ontem.

O Relatório Anual sobre a Indústria Nuclear Mundial 2022 conclui que a quota da energia nuclear (369 gigawatts) na produção de eletricidade caiu para 9,8% em 2021, o valor mais baixo em 40 anos, deixando-se ultrapassar pela primeira vez pelas energias eólica e solar, que, juntas, atingiram 10,2%.

Os investimentos em energias renováveis não-hídricas em 2021 acrescentaram 257 gigawatts às redes, enquanto a capacidade nuclear em funcionamento diminuiu em 0,4 gigawatts.

“Estas indústrias levaram apenas 20 anos para alcançar o que a indústria nuclear levou mais de meio século para realizar”, salientam os autores.

De acordo com o documento, 411 reatores continuavam em funcionamento em 33 países em meados de 2022, quatro menos que um ano antes.

A China representa metade dos novos reatores nucleares ativados na última década e está a construir mais 21, tendo em 2021 superado França pelo segundo ano consecutivo em termos de produção de eletricidade, seguindo apenas atrás dos Estados Unidos.

O país europeu, onde a energia nuclear gera 69% da eletricidade, foi forçado a trabalhos de manutenção em grande parte dos 56 reatores que possui devido a problemas de corrosão, envelhecimento e necessidades de reparação e modernização.

Pelo contrário, apesar do contínuo investimento chinês no nuclear, esta fonte de energia representa apenas 5% da eletricidade no país asiático, onde as energias renováveis cresceram mais rapidamente.

Por exemplo, as turbinas eólicas geraram 71% mais eletricidade na China do que os reatores nucleares.

O relatório hoje publicado indica também que pelo menos metade (26) dos 53 projectos de construção de centrais nucleares estão atrasados e que a situação relacionada com a central japonesa de Fukushima, afetada pelo terramoto de 2011, “está longe de estar estabilizada”.





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