Equipa de Lula pede a Bolsonaro dados da desflorestação na Amazónia
A equipa de transição do Presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, pediu ontem ao Governo de Jair Bolsonaro para divulgar dados anuais sobre a desflorestação na Amazónia e noutros biomas do país.
“Solicitamos que os relatórios completos dos dados do Prodes [Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazónia por Satélite] Amazónia e do Prodes Cerrado do período de agosto de 2021 a julho de 2022 sejam enviados para que possamos analisar as informações que trazem e tomar as medidas necessárias”, afirmou o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, coordenador do processo de transição, numa conferência de imprensa em São Paulo.
“A informação é de que esses números já existem” e por essa razão existe “a necessidade de serem informados”, insistiu.
Este pedido surge no mesmo dia em que Lula viaja para o Egito para participar na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), naquela que será a sua primeira viagem internacional desde que ganhou as eleições presidenciais de 30 de outubro.
Alckmin dirigiu nominalmente o seu pedido ao ministro da Presidência, Ciro Nogueira, e ao Instituto Nacional de Investigação Espacial (INPE), o organismo oficial responsável pela divulgação de dados de desflorestação, que atingiu níveis recorde sob o regime de Bolsonaro.
“É uma grande preocupação” porque “só a desflorestação é responsável por quase 50% das emissões de carbono” no Brasil, o que é de “gravidade impressionante”, sublinhou.
Alckmin insistiu que, durante a última campanha eleitoral, Lula deixou claro o seu compromisso com a proteção ambiental, e entre as medidas que tomará quando assumir o poder estará a recuperação dos organismos de supervisão ambiental que foram desmantelados pela atual administração.
Por seu lado, o ex-ministro Aloizio Mercadante, outra figura-chave da equipa de Lula para a transição, recordou que, quando o novo Governo tomar posse, a Alemanha e a Noruega comprometeram-se a libertar automaticamente os recursos do Fundo para a Amazónia, que estão paralisados a chegada ao poder do ainda Presidente do país, Jair Bolsonaro.
Estes recursos, para financiar projetos de conservação na floresta tropical amazónica, estão estimados em 3 mil milhões de reais (cerca de 560 milhões de euros).