Era capaz de nadar pelos oceanos em pleno Árctico?



Lewis Pugh estava com medo antes de se atirar à água no passado sábado. “Nunca sabemos como o nosso corpo vai reagir a condições tão adversas” disse numa entrevista ao New York Times.

Estava prestes a nadar nas águas geladas do Árctico, a norte de ilha norueguesa de Spitsbergen. A temperatura era negativa. Não fosse a água ser salgada já tinha congelado. E Lewis Pugh não usar um fato de mergulho que o protegeria do frio. Não, ia nadar apenas de speedos, os calções de natação que são a indumentária regulamentar para nadar o canal da Mancha.

O medo era justificado, e Lewis conhecia melhor do que ninguém os riscos que corria.

Inglês, 47 anos, Lewis Pugh já foi apelidado de Sir Edmund Hillary (o homem que conquistou o Evereste) da natação. É um especialista em natação extrema e um defensor das causas marítimas. Para alertar o mundo para o degelo, foi a primeira pessoa a nadar no Polo Norte, em 2007. Em 2010 nadou num lago gelado no Evereste, para alertar para o degelo dos glaciares e para o impacto que a falta de água potável pode ter na paz mundial. Em 2014, tornou-se no primeiro homem a completar uma longa distância em todos os sete mares, para promover a criação de Zonas Protegidas. Por tudo isto, e muito mais, é Embaixador das Nações Unidas para os Oceanos.

Esta vez não é diferente. Pugh está a nadar para alertar o mundo para os efeitos das mudanças climáticas nos oceanos e, nas próximas semanas, irá também nadar no Estreito de Lancaster, no Árctico canadiano e na Terra de Francisco José, um arquipélago polar russo.

 “Vou continuar a lutar pela protecção das regiões polares até ao meu último dia” disse e, de facto, após as provas no Árctico, Lewis Pugh muda-se para o outro Polo, numa missão de três anos denominada ANTARCTICA 2020.Com o objectivo de estabelecer várias zonas protegidas na Antárctida, num total de sete milhões de quilómetros quadrados de santuário. 2020 coincide com o bicentenário da descoberta do continente, pelo explorador russo Bellingshausen.

Lá em baixo irá continuar a nadar em águas frias, “não porque gosto, mas porque assim consigo chamar a atenção. Permitem-me mostrar ao mundo como são preciosas estas últimas áreas selvagens da Antártida” diz no seu site.

Mas, nunca mais irá nadar durante tanto tempo como na prova deste último sábado. Desta vez nadou durante 22 minutos e os médicos dizem nem perceber como consegue sobreviver: “Quando nos sujeitamos a um frio tão extremo, este nunca mais sai. Entra nos músculos e fica na memória”.

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Foto: Lewis Pugh na Antárctida. 





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