Escala “alarmante” da extração de areia está a afetar “significativamente” biodiversidade e comunidades costeiras
Todos os anos, perto de seis mil milhões de toneladas de areia e outros sedimentos são removidas dos ambientes marinhos e costeiros, o equivalente a mais de um milhão de camiões por dia, ameaçando ecossistemas marinhos e costeiros e as comunidades humanas que deles dependem.
A conclusão é de uma análise feita pela plataforma Marine Sand Watch, desenvolvida pelo Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) e que monitoriza as atividades de extração de areia, argila e outros sedimentos de habitats marinhos em todo o mundo. Os resultados derivam da aplicação de Inteligência Artificial e da recolha de dados sobre os movimentos de navios.
Com base no estudo da tendência de extração verificada no período entre 2012 e 2019, os especialistas acreditam que a atividade está a crescer e que poderá em breve ultrapassar a capacidade dos sistemas fluviais, que transportam sedimentos até à costa e ao mar, para restituirem a areia e sedimentos retirados, que são fundamentais para o funcionamento e estabilidade dos ecossistemas costeiros e marinhos, bem como para a manutenção de todos os serviços que eles providenciam.
Embora esses minerais sejam importantes para vários setores de atividade, como a construção, o seu desaparecimento pode aumentar a exposição das comunidades humanas e não-humanas aos piores efeitos de eventos climáticos, como tempestades e a subida do nível do mar. Ainda que alguns países, como a Indonésia, a Tailândia, a Malásia, o Vietname e o Camboja, tenham proibido a exportação de areia das suas praias e dos seus mares, outros continuam a permiti-la ou não têm programas nacionais de monitorização dessa atividade.
Pascal Peduzzi, diretor da GRID-Geneva, órgão do UNEP que ajudou a desenvolver a plataforma Marine Sand Watch, diz que “a escala dos impactos ambientais” da extração de areia e outros sedimentos marinhos é “alarmante”.
“Estes dados evidenciam a necessidade urgente de uma melhor gestão dos recursos sedimentares marinhos”, afirma o responsável, defendendo que é preciso atuar para reduzir os impactos na biodiversidade e nas comunidades costeiras que dependem desses habitats.