Escravo chinês denuncia trabalho forçado em bilhete escondido num brinquedo
Quando Julie Keith foi a um mercado de brinquedos escolher a sua decoração para o Halloween em 2011, não fazia ideia de que a lápide que escolheu – para assustar os vizinhos que passassem por sua casa, em Damascus, Oregon – escondia um pedido de socorro por parte de um trabalhador chinês.
Mas foi só um ano depois, quando ressuscitou o “brinquedo” para o Halloween de 2012, que Julie reparou no pedido de socorro, um bilhete escrito por um escravo chinês que vivia em condições desumanas no campo de trabalho forçado de Masanjia.
“Se comprar este produto, por favor, mande esta carta para a Organização Mundial de Direitos Humanos. Milhares de pessoas, na China, vão ficar-lhe gratas para sempre”, explicou, num inglês com muitos erros, o trabalhador – Zhang.
O trabalhador descrevia jornadas de trabalho diárias de 12 horas, sem descanso aos fins-de-semana ou feriados. Espancamentos, privação de sono e torturas psicológicas.
Quando encontrou o bilhete, Julie percebeu que este tinha sido escrito em 2008. Ainda assim, e quando tentou pedir ajuda a alguns defensores dos direitos humanos, não teve sucesso. Recorreu depois ao Facebook, e foi nesta rede social que a história teve repercussão e chegou aos noticiários internacionais, conta o Planeta Sustentável e a CNN.
Este mês, a história voltou às notícias, uma vez que a CNN encontrou o escravo chinês autor da carta. Sob garantia de anonimato, ele falou dos horrores de Masanjia: Zhang foi levado para o campo de trabalho forçado pela polícia chines, pouco antes dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
Condenado a passar 2,5 anos num campo de trabalho forçado, por questões políticas e religiosas, ele decidiu pedir ajuda por carta. Escreveu 20 bilhetes, com papel e caneta contrabandeado, mas só um chegou a um destino.
Hoje, Masanjia terá sido desactivada e Zhang, ao dar a entrevista à CNN, está a tentar ajudar quem ainda continua nestes campos.