Esforços dos países são “insuficientes” para limitar aquecimento global a 1,5 graus, alerta relatório da ONU



Os Estados signatários do Acordo de Paris estão a conseguir reduzir as emissões globais de gases com efeito de estufa lançadas para a atmosfera. Contudo, “esses esforços continuam a ser insuficientes para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius até ao final do século”.

O alerta é feito no mais recente relatório da agência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, que indica que, de acordo com os compromissos assumidos até agora por 193 países que são parte do Acordo, e que foram responsáveis por 94,9% de todas as emissões de gases com efeito de estufa em 2019, só será possível limitar o aumento da temperatura do planeta a 2,5 graus até 2100, considerado o pior dos cenários possíveis.

As estimativas dos especialistas apontam que até 2030 os planos nacionais já apresentados deixam antever uma subida de 10,6% das emissões de gases com efeito de estufa nos próximos oito anos, face a níveis de 2010. Apesar do aumento, é uma melhoria face à subida de 13,7% que se previa com base nos compromissos assumidos em 2021. Assim, os vários governos do mundo que são parte do Acordo de Paris estão, de facto, a reforçar o seu combate às alterações climáticas, simplesmente, diz o relatório, é preciso ir mais longe.

Na análise do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (IPCC) divulgada no ano passado, estimava-se que as emissões continuariam a aumentar depois de 2030. No entanto, o estudo deste ano já prevê que as emissões não aumentarão após esse ano, mas que também a sua diminuição não será suficientemente rápida para que se possa atingir a meta dos 1,5 graus de aquecimento global até 2100.

Comparando com dados de 2019, os especialistas defendem que é preciso cortar em 43% as emissões de gases com efeito de estufa até 2030. “Isso é fundamental para alcançar o objetivo do Acordo de Paris para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius até ao final do século e evitar os piores impactos das alterações climáticas, incluindo secas, ondas de calor e chuvas mais frequentes e severas”, avisam.

Simon Stiell, secretário-executivo da agência das NU para as alterações climáticas, salienta que “a tendência esperada de decréscimo das emissões até 2030 mostra que as nações fizeram algum progresso este ano”. Porém, o responsável declara que “não estamos minimamente perto” de atingir a meta dos 1,5 graus.

“Para manter vivo esse objetivo, os governos nacionais têm de reforçar os seus planos de ação climática agora e de implementá-los nos próximos oito anos”, acautela Stiell.

Na COP26, realizada em 2021 em Glasgow, no Reino Unido, os países signatários do Acordo de Paris assumiram o compromisso de rever os seus planos nacionais, conhecidos como ‘contribuições nacionalmente determinadas’, mas desde então apenas 24 planos novos ou atualizados foram submetidos às NU. Para Stiell, isso é “uma desilusão”, e “as decisões e ações dos governos devem refletir o nível de urgência, a gravidade das ameaças que enfrentamos e a escassez de tempo que temos para evitar as consequências devastadoras de alterações climáticas descontroladas”.

No próximo dia 6 de novembro, arranca mais uma cimeira mundial do clima, a COP27, no Egipto, e o responsável argumenta que esse será o momento para os líderes mundiais reafirmarem os seus compromissos para com o combate à poluição e às alterações climáticas e para passarem das palavras às ações.





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