Espécie de coral passa genes “anti-branqueamento” à descendência



O branqueamento dos corais é um dos fenómenos que torna mais tangíveis os efeitos das alterações climáticas, e do aquecimento do planeta.

Quando a temperatura da água excede um certo limite, os corais expulsam as algas simbióticas que lhes fornecem alimento e também as suas cores exuberantes, tornando-se brancos, a cor dos seus esqueletos calcários.

Se as temperaturas não descerem rapidamente, os corais acabam por morrer, em eventos de mortalidade massiva que começam a ser cada vez mais frequentes e devastadores, especialmente porque os recifes albergam uma enorme diversidade de vida e são fundamentais para a saúde dos ecossistemas marinhos e para a sobrevivência de inúmeras espécies.

Mas uma equipa de cientistas, num artigo publicado recentemente na revista ‘Nature Communications’, revela que uma espécie de coral, a Montipora capitata, é capaz de transmitir à descendência o que descreve como “a assinatura bioquímica para a tolerância térmica”, ou seja, a capacidade para resistir ao aumento da temperatura.

Dessa forma, os novos corais herdam dos pais defesas que lhes conferem uma maior capacidade de sobrevivência a eventos como ondas de calor marinhas, essencial num planeta cada vez mais quente.

Por receberem essa resistência dos seus antepassados, os corais têm uma maior proteção logo desde as primeiras etapas das suas vidas, dando-lhos um “avanço adaptativo” face a corais aos quais não tenham sido legadas essas defesas.

Os investigadores dizem que essa resistência não é apenas transmitida pelos progenitores, mas também pelas suas algas simbióticas, que, em conjunto, “preparam a próxima geração para resistir ao branqueamento”, diz, em comunicado, Robert Quinn, da Universidade Estadual do Michigan (Estados Unidos da América) e um dos principais autores do estudo.

A equipa acredita que uma compreensão mais aprofundada sobre como os corais resistem ao calor, passam essas capacidades para as gerações seguintes e interagem com as algas com as quais têm relações simbióticas pode ajudar nos esforços de conservação de recifes um pouco por todo o mundo, criando corais mais fortes e termicamente tolerantes.






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