Espécies que vivem em grupo podem viver mais do que as solitárias
A socialidade e a vivência em grupos são tidas como traços evolutivos que trazem benefícios para as espécies e indivíduos que as praticam, pois, por exemplo, aumentam a possibilidade do acesso a alimentos, conferem proteção contra predadores e multiplicam as hipóteses de reprodução.
Uma nova investigação científica diz-nos agora que, além de todas essas vantagens, a vida em grupos pode mesmo aumentar a esperança média de vida dos seus constituintes.
Através da comparação de vários dados relativos a perto de mil espécies de mamíferos, incluindo a longevidade máxima, a massa corporal, estilo de vida e as relações ecológicas, biólogos da Academia de Ciências Chinesa, do Instituto de Zoologia de Pequim e da Universidade da Austrália Ocidental descobriram que as espécies que vivem em grupos vivem mais tempo do que as espécies solitárias.
Xuming Zhou, um dos autores do artigo divulgado na ‘Nature Communications’, estudou, entre outros, o rato-toupeira da espécie Heterocephalus glaber, que vive em grandes grupos no subsolo e que pode chegar aos 30 anos de idades. Em contraste, outros roedores, como o hamster Mesocricetus auratus, que leva uma existência solitária não chega a viver além dos quatro anos.
Essa diferença pode mesmo ocorrer entre indivíduos da mesma espécie. Aqueles que desenvolvam laços sociais mais fortes com outros elementos do grupo do qual fazem parte tendem a viver mais tempo do que não criam essas ligações.
Assim, os mamíferos que vivem em grupos vivem em média mais 22 anos do que as espécies solitárias, e os investigadores acreditam que há mesmo uma relação genética entre a vivência em grupos e a longevidade. Analisando o material genético do tecido cerebral de 94 indivíduos de 94 espécies de mamíferos, os cientistas identificaram 31 proteínas que estavam ativas em animais que, ao mesmo tempo, viviam em grupo e tinham uma maior esperança média de vida.
Apesar de viver em grupo poder ter os seus riscos – competição reprodutiva e por recursos, disseminação de doenças – parece que a longevidade, e não só a força, poderá estar mesmo nos números.
Os investigadores acreditam que os resultados deste estudo permitem traçar um ligação entre a evolução da socialidade e da longevidade e que fornece “uma base molecular” para futuros trabalhos sobre essa relação.