Estados Unidos aprovam caça a rinoceronte ameaçado na Namíbia
As autoridades norte-americanas autorizaram a caça de dois rinocerontes-negros – espécie em risco de extinção – na Namíbia e a trazer os troféus de caça para os Estados Unidos. Este é o último desenvolvimento de uma saga que começou no último ano quando o Dallas Safari Club leiloou duas autorizações para caçar dois destes animais ameaçados.
Os vencedores do leilão pagaram cerca €321.300 pela possibilidade de matar um rinoceronte-negro. Inicialmente a Agência de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos negou o pedido de trazer os animais para solo americano. Porém, ao ter conhecimento de que as receitas do leilão reverteriam para esforços de conservação da natureza, a agência autorizou a entrada dos troféus de caça no país.
O Dallas Safari Club leiloou em 2014 duas autorizações para caçar dois exemplares de rinoceronte-negro na Namíbia, sob a lógica perversa de que as receitas do leilão reverteriam para os esforços de conservação da espécie em África.
Num esforço de justificar o evento, o Dallas Safari Club procurou assegurar o público de que os rinocerontes a caçar seriam machos velhos que já não tivessem capacidade de reprodução. E tal pareceu ser suficiente para convencer a agência que regula este tipo de práticas.
Em comunicado, a Agência de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos explicou que “o futuro da vida selvagem de África está ameaçado pela caça e comércio ilegal de espécies e não pela caça desportiva responsável e cientificamente gerida”. “Continuamos empenhados em combater os hediondos crimes contra a vida selvagem e a apoiar actividades que encorajem as comunidades locais a ser parte da solução para este problema”, indica a agência, cita o Inhabitat.
Porém, esta decisão de autorizar a caça da espécie ameaçada e trazer o animal para os Estados Unidos não agradou a muitas organizações conservacionistas e de defesa dos direitos dos animais. “Nesta altura, a caça desportiva de qualquer espécie criticamente ameaçada – especialmente espécies que são cada vez mais procuradas por caçadores ilegais – não podem ser autorizadas e apoiadas”, indicou a African Wildlife Foundation. Também a Humane Society apelidou a decisão da agência federal de “o pior tipo de mistura de mensagens”.
O rinoceronte-negro é uma espécie severamente ameaçada, existindo menos de 5.000 exemplares destes animais a viver em estado selvagem na Namíbia e na costa ocidental africana, de onde são originários.
Foto: Fivestarvintage / Creative Commons