Estâncias de esqui europeias muito vulneráveis à falta de neve



As alterações climáticas representam um desafio considerável para as estâncias de esqui europeias, pois apesar de recorrerem à neve artificial, esta solução também gera problemas de consumo de água e energia, refere um estudo divulgado segunda-feira.

Metade das estâncias de esqui do mundo estão localizadas na Europa, onde geram um volume de negócios anual superior a 30 mil milhões de euros e representam um ganho inesperado muito importante para as economias locais, mesmo que represente apenas 3% das receitas globais diretas ligadas ao turismo na Europa, aponta este estudo publicado na revista científica Nature Climate Change.

Os seus autores analisaram 2.234 estâncias localizadas em 28 países europeus diferentes, desde a Turquia até à Islândia, passando pelos Balcãs, Escandinávia, Cárpatos e Alpes, com dois cenários, um assumindo um aquecimento global de 2°C e o outro de 4°C.

“Este estudo mostra que em todas as regiões montanhosas da Europa, as futuras alterações climáticas levarão a condições de neve degradadas em comparação com décadas anteriores, embora variem de região para região e dentro de regiões”, sublinha um dos autores, Samuel Morin, investigador em física da neve.

Sem a utilização de neve artificial, cerca de 53% dos ‘resorts’ enfrentarão um risco “muito elevado” de falta de neve se a subida for de 2°C.

Com uma subida de 4°C, quase todas as estações (98%) ficarão nessa situação.

Com o recurso à produção de neve artificial, a proporção de ‘resorts’ em risco cairia para 27% (aumento de 2°C) e 71% (4°C).

Mas a neve artificial tem “pouco efeito” em áreas de baixa altitude ou localizadas muito a sul, pois as temperaturas são muito altas e não permitem que a neve seja produzida de forma eficaz.

Além disso, a própria produção de neve pode contribuir para a aceleração das alterações climáticas, devido à elevada procura de energia a que obriga, destaca o artigo, lembrando também o aumento da procura de água.

O principal autor do estudo, o investigador Hugues François, apontou à agência France-Presse (AFP) que “a produção de neve pode apoiar a adaptação das estâncias de desportos de inverno e ter um efeito direto na capacidade operacional das áreas de esqui”.

Mas lembrou que “não é uma solução milagrosa que possa ser aplicada em todos os locais de forma sistemática”.

“O mais importante a ter em conta é a heterogeneidade” dos casos, inclusive dentro do mesmo maciço, sublinhou, considerando que o desafio para os governantes é “avançar para políticas mais específicas”.





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