Estava Einstein errado? Investigadores da Universidade de Aveiro dizem que sim



Em 1907, Albert Einstein garantia ser impossível medir a velocidade instantânea de micro e nanopartículas em suspensão num líquido ou num gás. As conclusões da teoria do prémio Nobel tinham permanecido irrefutáveis até agora, com uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro a levantar a questão: estaria o prémio Nobel da Física errado?

Num artigo agora publicado na prestigiada  Nature Nanotechnology, o departamento de Física e Química da Universidade de Aveiro, vem contradizer a teoria de Einstein, ao apresentar resultados que os meios tecnológicos do século XIX jamais permitiriam alcançar.

Numa parceria multidisciplinar entre a Universidade de Aveiro, a Universidade de Singapura e Universidade Nanjing Tech (China), a equipa de investigadores mostra que a medida da temperatura de nanofluídos, realizada através da emissão de luz (luminescência) pelas nanopartículas em suspensão, permite calcular a velocidade instantânea balística de nanopartículas com diferentes tamanhos e formas. Ao conseguir medir medir a velocidade instantânea de nanopartículas dispersas num líquido, também conhecida como velocidade browniana, o trabalho agora publicado mostra que Einstein não tinha razão.

A descoberta pode agora potenciar o desenvolvimento de processos de refrigeração mais eficientes e sustentáveis, usando nanofluídos (nanopartículas suspensas em líquidos) em indústrias, como a microeletrónica e a nuclear.

O Impacto científico e tecnológico poderá ser bastante expressivo, ao permitir perceber melhor como é que as nanopartículas alteram as propriedades térmicas dos fluídos (água, álcool ou óleos) onde estão suspensas. O aumento da condutividade térmica de nanofluídos, pode ter implicações prácticas, por exemplo, no uso de processos de transferência de energia sob a forma de calor (refrigeração).

Melhorar estes processos de refrigeração, desenvolvendo fluídos mais eficientes é um dos desafios tecnológicos mais importantes dos nossos dias. Um bom arrefecimento da central nuclear de Fukushima Daiichi poderia ter evitado o desastre após o tsunami de 2011.

A Comissão francesa de Energia Atómica e Energias Alternativas (CEA) estima que o uso de nanofluídos em processos de transferência de calor possa vir a gerar receitas anuais de cerca de 2 mil milhões de dólares. A técnica agora desenvolvida pode, ainda, ser estendida a sistemas biológicos, a fim de obter uma melhor compreensão dos mecanismos de transporte de calor ao nível celular.





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