“Estilo” de dança das abelhas influencia sucesso na procura de alimento
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As abelhas-do-mel, espécies do género Apis, não são apenas conhecidas por produzirem o líquido viscoso e doce que lhes dá o nome e que é apreciado por muitos animais, incluindo pelos humanos. As suas danças vigorosas são também um traço distintivo destes pequenos insetos voadores.
Na verdade, não são exatamente exibições artísticas, mas sim atuações performativas que comunicam aos outros membros do grupo a localização de uma fonte de alimento particularmente apetitosa, como néctar ou pólen.
As quando regressam das suas viagens exploratórias, as abelhas, no meio de muitas outras, agitam os seus corpos de um lado para o outro e de cima para baixo, transmitindo informação sobre a natureza da fonte de alimento, bem como a distância a que se encontra da colónia. Terminada a dança, outras abelhas são recrutadas e juntam-se ao mensageiro, partindo em direção ao alimento.
No entanto, as abelhas recetoras da mensagem nem sempre acabam por encontrar a fonte de alimento, e um grupo de investigadores acredita que as falhas na comunicação podem estar relacionadas com o “estilo” de dança próprio de cada indivíduo.
Num artigo publicado esta semana na revista ‘Current Biology’, cientistas da Universidade Tecnológica da Virgínia (Estados Unidos da América) revelam que cada abelha tem o seu próprio estilo de dança, uma espécie de “dialeto” único que se reflete na mensagem dançada.
Em laboratório, os investigadores marcaram várias abelhas com ponto coloridos nos seus dorsos e monitorizaram os seus movimentos e danças. Inicialmente, achavam que indivíduos como os mesmos estilos de dança conseguiriam comunicar melhor e, assim, aumentar a probabilidade de encontrar a fonte de alimento. No entanto, descobriram que a realidade é mais complexa do que isso.
Danças mais longas, que indicam maiores distâncias da colónia ao destino, parecem ser as mais eficazes. Isto, porque asseguram que as abelhas que acompanham o mensageiro passam obrigatoriamente pela fonte de alimento, à ida e à volta. Instruções mais precisas sobre a localização da comida fazem com que o grupo passe apenas uma vez pelo local de alimentação, ou então que não deem com ele de todo.
Os cientistas acreditam que se todas as abelhas comunicassem da mesma forma, as probabilidades de fracasso seriam muito maiores, comprometendo a sobrevivência da colónia.
Além disso, a diversidade de formas de comunicação aumenta também as hipóteses de a mensagem ser bem compreendida, uma vez que se todas as abelhas “falassem” o mesmo dialeto, aquelas que comunicassem de forma diferente não conseguiram transmitir as suas mensagens.
“Há algum tempo que sabemos que as diversidades comportamental e genética beneficiam as abelhas-do-mel, permitindo melhores termorregulação, resistência a doenças, crescimento e capacidade de procura de alimento”, explica, em comunicado, Margaret Couvillon, uma das principais autoras do artigo.
“Agora, também vemos que uma comunicação diversificada aumenta o sucesso de recrutamento”, salienta.