Estradas estão a ser construídas cada vez mais no coração profundo da Amazónia
As estradas para o transporte de petróleo e gás estão a penetrar cada vez mais no coração profundo do oeste da selva amazónica, revela um novo estudo.
Vias através da Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e oeste do Brasil podem abrir a “caixa de Pandora” dos problemas ambientais nesta região e desencadear novas frentes de desflorestação, refere o estudo publicado na revista científica Environmental Research Letters.
“A fronteira continua a ser empurrada cada vez mais para as profundezas da Amazónias e é necessário haver um plano estratégico para o desenvolvimento futuro no que toca à construção de estradas”, afirma um dos autores do estudo, Matt Finer, da Amazon Conservation Association, ao Guardian. “Damos atenção especial aos acessos rodoviários porque são uma fonte primária bem documentada de desflorestação e degradação da floresta”.
Os blocos de gás e petróleo no oeste da Amazónia cobrem uma área superior ao estado norte-americano do Texas – mais de 730 mil quilómetros quadrados – e expandiram-se mais de 150 mil quilómetros quadrados desde 2008, denota a investigação.
As estradas de acesso para o transporte de combustíveis fósseis, especialmente na Amazónia equatorial, causam a perda directa de floresta e impactos indirectos, como a colonização subsequente, o abate ilegal de árvores e a caça.
O estudo defende que é necessário implementar um plano que evite estrategicamente a construção de acessos rodoviários para que se possam minimizar os impactos ecológicos. “Este modelo trata as florestas como se tratassem de um oceano, onde o acesso rodoviário não é possível e a plataforma de extracção é uma espécie de ilha na floresta onde o acesso é feito apenas por rio ou helicóptero”, indica Bruce Babbitt, outro dos autores do estudo.
A investigação verificou que entre os grandes projectos de extracção de recursos fósseis no oeste da Amazónia 11 têm acesso rodoviário e em seis o acesso é apenas feito por água ou ar.
Foto: stevemonty / Creative Commons