Estudantes de Alcanena promovem nos EUA projeto sustentável para resíduos de curtumes



Um grupo de estudantes de Alcanena está nos Estados Unidos para apresentar e promover um projeto sustentável que desenvolveu e que visa transformar resíduos causados pela indústria de curtumes em material biodegradável

Foi a poluição gerada pela indústria de curtumes no município em que vivem, no distrito de Santarém, que levou estes quatro alunos do 11.º Ano do Agrupamento de Escolas de Alcanena – Guilherme Vieira, João Miguel, Martim Duarte e Rafael Calado – a criar o “PoliCurt”, um projeto que visa transformar esses resíduos num material biodegradável e funcional.

Trata-se de uma solução “prática, sustentável e acessível”, que promove a economia circular e contribui para reduzir a poluição por plásticos convencionais, protegendo os oceanos e os ecossistemas terrestres, e que acabou por sair vencedora do ‘The Challenge’, um programa educativo internacional promovido pela Fundação espanhola La Caixa.

A equipa de Alcanena foi uma das dez vencedoras – e a única portuguesa – entre mais de 2.000 propostas de estudantes de Portugal e Espanha e, ao longo desta semana, está nos EUA para apresentar o projeto, nomeadamente na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, e no prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston.

“O projeto surgiu numa aula de biologia, no meio de uma discussão entre a turma, porque a escola já costuma realizar projetos no âmbito da sustentabilidade ambiental. Foi uma ideia muito própria e muito pessoal, porque é um problema que afetada a todos nós que vivemos em Alcanena”, no distrito de Santarém, explicou à Lusa o aluno João Miguel, em Nova Iorque.

Em colaboração com o Centro Tecnológico das Indústrias do Couro (CTIC) e a Universidade de Aveiro, os alunos desenvolveram um protótipo avaliado quanto à biodegradabilidade e propriedades mecânicas, e que representa já uma solução promissora com impacto local e global.

Acompanhados pelo professor José Fradique, os quatro jovens, juntamente com as equipas espanholas que saíram igualmente vencedoras do ‘The Challenge’, apresentaram nas Nações Unidas o seu projeto, no âmbito da agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“O que nós pretendemos é algo que queremos desde o início: lutar por um mundo mais sustentável. E é algo que estamos a conseguir alcançar ao longo do tempo. Portanto, acho que está a ser uma missão bem sucedida e gratificante para todos nós”, defendeu João Miguel, o aluno que ficou responsável pelo desenvolvimento experimental e técnico do “PoliCurt”.

Já a pensar no futuro, os jovens admitem ingressar numa carreira ligada à investigação e ciência.

Mas, ainda com muito estudo pela frente, os alunos ambicionam agora colocar o projeto que desenvolveram no mercado, registar a patente e “mostrar às outras pessoas que podem e devem reaproveitar os resíduos dos curtumes”.

O docente que acompanhou o desenvolvimento da iniciativa, José Fradique, disse à Lusa que “está a ser magnífico acompanhar estes jovens muito ativos, que realizaram e executaram um projeto que vai ao encontro dos ODS da ONU e que tentaram resolver um problema local, mas também global”.

“Nós, nas escolas, tentamos envolver os jovens nesse objetivo que é comum, que é global, que é o desenvolvimento sustentável. Portanto, mediante os projetos que desenvolvem, eles veem quais são os objetivos mais importantes no contexto em que vivem, acabando também por ter um impacto global. Juntando isso tudo, é um grande contributo para um futuro melhor”, frisou o professor.

O projeto desenvolvido pelos jovens de Alcanena destina-se a três perfis principais de utilizadores: Indústrias de curtumes, proporcionando oportunidades de reduzir os custos de gestão de resíduos e melhorar a sua imagem ambiental; instituições ambientais que estejam interessadas em implementar políticas de economia circular; e empresas e consumidores, através da adoção de hábitos mais sustentáveis sem comprometer a funcionalidade dos produtos.






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