Estudo: as florestas estão a ficar cada vez mais jovens e pequenas devido às alterações climáticas



Um novo estudo determinou que as florestas estão a transformar-se em resposta a uma combinação de ações humanas e processos naturais, como os incêndios florestais, fazendo com que as suas árvores mais antigas desapareçam e cresçam árvores mais pequenas.

Infelizmente, é provável que essa tendência continue à medida que o clima se vai tornando mais quente, devido às mudanças climáticas.

As florestas que cobrem um pouco menos de um terço das massas terrestres do nosso planeta abrigam uma variedade estonteante de vida e formam uma parte vital do ecossistema global da Terra. Isto deve-se parcialmente à sua capacidade de remover o dióxido de carbono da atmosfera e capturá-lo em estado sólido como biomassa.

Cada vez mais, as mudanças climáticas induzidas pelo homem, a extração de madeira e uma variedade de processos naturais estão a colocar as florestas em todo o mundo sob stress. Um novo estudo utilizou observações de satélite e examinou mais de 160 artigos publicados, de forma a avaliar o impacto que essas influências estão a ter na dinâmica florestal.

Ao concluir a sua análise, os investigadores descobriram que as florestas da Terra são drasticamente menores e mais jovens do que há um século atrás, e que somos pelo menos parcialmente, responsáveis ​​por essa mudança.

O artigo analisa três condições que determinam a dinâmica de uma floresta saudável e como estão a ser interrompidas.

A primeira característica é o recrutamento, que é o termo dado ao influxo de novas mudas que um dia se vão tornar árvores jovens. O segundo é o crescimento – um indicador do aumento líquido da biomassa e o terceiro é a mortalidade, que é definida como a perda da capacidade de uma planta de se reproduzir e sofrer metabolismo celular.

Numa floresta saudável e antiga, estas características equilibrariam-se. No entanto, vários fatores agravantes estão a minar seriamente este equilíbrio.

Por exemplo, o aumento da temperatura dificulta a fotossíntese das árvores e plantas. O que é prejudicial para a floresta em muitos níveis, pois não apenas mata árvores, mas também dificulta a regeneração e o crescimento. É também uma das principais razões pelas quais as florestas que vemos hoje não são tão altas quanto antes.

As altas temperaturas prolongadas também causam secas, que colocam as árvores sob enorme stress e as deixam mais suscetíveis ao ataque de insetos ou doenças.

A alta quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, que aumentou significativamente desde o início da revolução industrial, poderia realmente ajudar na capacidade de algumas árvores de crescer e propagarem-se, mas, de acordo com o novo estudo, existem limitações. Aparentemente, os benefícios dessa fertilização com dióxido de carbono são observados apenas em florestas relativamente jovens, onde há abundância de nutrientes e humidade.

Os incêndios florestais também são uma séria ameaça para as florestas à escala global, assim como os fungos invasivos e as videiras parasitas. Além disso, muitos desses fatores – incluindo a prevalência de incêndios florestais – foram exacerbados pelo início das mudanças climáticas.

Para piorar a situação, as florestas também enfrentam a ameaça da ação humana direta. A colheita desenfreada de madeira e o desflorestamento tiveram um enorme impacto nos ecossistemas florestais ao remover muitas das árvores mais antigas.

Os dados do estudo revistos pelos investigadores mostraram que muitos dos fatores agravantes listados, incluindo a seca, aumento da temperatura, fragmentação da floresta e ataques de insetos, pareciam afetar as árvores mais velhas de maneira mais aguda do que as mais novas.

Além disso, de acordo com o artigo publicado recentemente, a mortalidade das árvores está a aumentar na maioria das áreas, enquanto a criação e o crescimento de novas árvores continuam a flutuar. Isto levou a uma perda geral.

“Nos últimos cem anos, perdemos muitas florestas antigas e elas foram substituídas em parte por não florestas e em parte por florestas jovens”, comenta o principal autor do estudo, Nate McDowell do North West National Laboratory, nos EUA. “Isso tem consequências sobre a biodiversidade, a mitigação do clima e a silvicultura”.

Infelizmente, a contínua transformação das florestas do nosso planeta provavelmente ocorrerá de mãos dadas com a perda de biodiversidade, pois as mudanças de habitat tornarão a vida mais desafiadora para os animais que vivem nas áreas densamente arborizadas.

O artigo foi publicado na revista Science.

 





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