Estudo: Azeite não aumenta risco de doenças cardiovasculares
O azeite e o óleo de girassol não aumentam o risco de doenças cardiovasculares, de acordo com um estudo sobre a população espanhola, publicado pelo British Medical Journal e que avaliou os riscos da utilização de gordura nos hábitos alimentares.
O estudo teve como ponto de partida a cozinha dos países mediterrâneos – daí a escolha da população espanhola – e concluiu que a utilização de alimentos fritos, tipicamente no azeite e óleo de girassol, não aumentou o rácio das doenças cardiovasculares ou da mortalidades, mesmo no grupo de pessoas que mais consome.
A investigação foi feita por uma equipa espanhola da Universidade Autónoma de Madrid e do Consórcio de Investigação Biomédica em Rede de Epidemiologia e Saúde Pública.
O estudo centrou-se na aterosclerose coronária – a obstrução dos vasos sanguíneos do coração. Para isso, a equipa espanhola reuniu a informação de 40.757 adultos com uma idade compreendida entre os 29 e os 69 anos e divididos entre o Norte e o Sul de Espanha, que começaram a ser seguidos entre 1992 e 1996, e terminaram de ser seguidos em 2004.
A equipa trabalhou dados como a educação, os hábitos alimentares, os hábitos de tabaco. Por outro lado, de tempos em tempos era feito um inquérito sobre os hábitos de consumo alimentar, principalmente de fritos, que em Espanha são normalmente feitos em azeite e em óleo de girassol. Com estes dados, foi possível dividir a população em quatro grupos, dos que ingeriam menos até aos que ingeriam mais alimentos fritos.
A população analisada não tinha doenças cardiovasculares quando aceitou entrar no estudo longitudinal. Quanto a análise terminou, 606 pessoas sofreram enfartes e houve 1134 mortes. Mas, tanto os problemas cardiovasculares como as mortes estavam distribuídos igualmente pelos quatro grupos com diferentes registos de consumo de gorduras e fritos.
“Em Espanha, um país Mediterrâneo onde o azeite e o óleo de girassol é utilizado para fritar, o consumo de comida frita não está associado com a aterosclerose coronária ou com todas as causas de mortalidade”, explicou, na conclusão do artigo, Pilar Guallar-Castillón.
“O mito que a comida frita é, na generalidade, má para o coração, não é suportado”, explicou Hugh Tunstall-Pedoe, professor de epidemiologia das doenças cardiovasculares, no editorial da revista.