Temas ESG são prioridade para as empresas que querem liderar, revela estudo da EY
A EY acaba de lançar a terceira edição do estudo “Conhecer os desafios ajuda a encontrar o caminho?” da EY, no qual prevê os principais desafios e tendências para Portugal em 2022, no setor empresarial. Destacando a crescente importância do valor do stakeholder na tomada de decisão das empresas e os múltiplos desafios da descarbonização, este relatório aborda também temas como o greenwashing e a taxonomia.
Os temas ESG (Environmental, Social and Governance) são prioridade e o foco da estratégia, da cultura e do propósito das empresas que pretendam liderar os seus setores de atividade. Para Miguel Cardoso Pinto, “Os grandes vencedores do futuro serão aqueles que conseguirem crescer e diferenciar o seu negócio em linha com os princípios fundamentais de ESG”.
Como se pode ler, “As organizações que não estiverem alinhadas com estes princípios e respetiva urgência estarão a compactuar, perante todos, com um processo de destruição global (e organizacional). Investidores, consumidores, organizações não governamentais, reguladores, e muitas organizações, entre outros, sabem disto”.
É também referido o recente EY CEO Outlook Survey 2022, que demonstra que 82% dos CEO identificaram fatores ESG como importantes ou extremamente importantes para a sua tomada de decisão. No entanto, subsiste alguma resistência a esta mudança de foco, com 21% dos CEO a revelarem que os investidores não demonstram o apoio necessário aos investimentos no longo prazo e que ainda se fixam nos resultados trimestrais. Ainda assim, o mercado financeiro tem dado sinais claros que o investimento com foco ESG cresce fortemente, com a Bloomberg a estimar que os ativos ESG caminham para atingir um valor de 53 mil milhões de dólares (cerca de 47 mil milhões de euros) em 2025, o que representaria um terço dos ativos globais sob gestão.
“O conjunto de processos de tomada de decisão vai impactar de forma crescente o nível de confiança dos stakeholders. Torna-se imperativo que a informação utilizada seja robusta, credível e cada vez mais direcionada aos públicos alvo”, sublinha Manuel Mota, Climate Change & Sustainability Services Leader EY. “Isto implica que se integrem cada vez mais aspetos que até agora eram tratados de forma separada, e que se monitorize, trate e analise informação não financeira com o mesmo rigor da financeira”, acrescenta.
No que respeita aos desafios para a descarbonização, o estudo da EY indica que, enquanto instrumentos de mitigação da escassez de recursos naturais e de combate às alterações climáticas, as estratégias de descarbonização e transição energética implementadas ao nível empresarial são cada vez mais uma vantagem competitiva na forma como as empresas operam e se posicionam no mercado.
A análise identifica ainda um conjunto alargado de instrumentos financeiros públicos nacionais e europeus que atualmente podem ser mobilizados para a promoção da descarbonização ao nível empresarial. Dos apoios ao investimento já disponíveis a nível nacional, destacam-se os avisos abertos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a componente da descarbonização do setor industrial, mas também formas de financiamento como o crowdfunding (financiamento colaborativo), as green bonds (obrigações verdes).
Tendo em consideração o efeito do greenwashing, a injustificada apropriação de virtudes ambientalistas, a EY considera que contribui para a desinformação, induzindo os consumidores em erro. No entanto, “várias entidades, incluindo recentemente a UK Competition and Markets Authority, têm vindo a aumentar os esforços de controlo e regulamentação com respeito à informação vinculada de credenciais ESG, tendência esta que irá continuar em 2022”, assegura a organização.