Estudo demonstra como e quando evoluiu a capacidade de ver
A opsina, uma proteína sensível à luz e que é chave na nossa visão, poderá ter evoluído mais cedo e com menos mudanças genéticas do que se pensava, segundo um novo estudo da National University of Ireland e da University of Bristol.
O estudo, que foi publicado na segunda-feira na PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), utilizou simulações em computador para chegar a uma imagem detalhada de como e quando as opsinas evoluíram, nos animais e seres humanos.
As origens de evolução da visão têm sido alvo de um longo debate, sobretudo devido aos relatórios inconsistentes das relações filogenéticas entre os animais que mais cedo possuíram opsinas.
Neste estudo, os investigadores começaram por fazer uma análise computacional de todas as hipóteses de evolução das opsinas existentes até à data. A análise incorporou toda a informação genómica disponível de todas as linhagens de animais relevantes, incluindo um novo grupo sequenciado de Oscarella Carmela e os cnidários, um grupo de animais marinhos que, acredita-se, possuiu os primeiros olhos do mundo.
Utilizando esta informação, os investigadores desenvolveram um cronograma com um antepassado da opsina, comum a todos os grupos que apareceram há 700 milhões de anos. Esta opsina era considerada “cega”, mas ainda assim passou por mudanças genéticas durante os 11 milhões de anos em que transmitiu a capacidade de detectar luz.
“A grande importância do nosso estudo teve como pano de fundo o facto de termos encontrado a mais antiga origem da visão, e que ela se originou apenas uma vez nos animais. Isto é uma descoberta fantástica porque implica que o nosso estudo descobriu, como consequência, como e quando a visão evoluiu nos seres humanos”, explicou Davide Pisani, um dos investigadores.