Estudo português afirma que ginásios têm má qualidade de ar



O Inverno está à porta e, com a noite a chegar mais cedo e o frio a complicar, muitos trocam as corridas de rua pelo ginásio, um local seguro para praticar exercício físico. A tendência é global e não apenas portuguesa, mas foi uma equipa de investigadores lusos que estudou a qualidade do ar nestes locais de desporto indoor e concluiu que, muitas vezes, eles não são tão saudáveis como podem parecer.

Segundo o The New York Times, que publicou o estudo, há muito que sabemos que quem faz exercício físico em estradas altamente poluídas acaba por respirar partículas nefastas e, com isso, tem um risco acrescido de contrair uma doença cardíaca, mesmo que esteja em grande forma física.

No entanto, poucos estudos examinam a qualidade do ar nos ginásios. Desenvolvido pela Universidade de Lisboa e a Technical University de Deft, na Holanda, o estudo monitorizou a qualidade do ar em 11 ginásios da capital portuguesa.

Segundo Carla Ramos, que coordenou o estudo, foram instalados monitores de qualidade do ar em cada um dos espaços dos ginásios – os equipamentos mediram a poluição a partir do final da tarde e horário nocturno, ou seja, quando os ginásios estão cheios.

Durante cerca de duas horas em cada ginásio, os monitores mediram níveis de poluentes normalmente encontrados dentro de casa, desde o monóxido de carbono, ozono, partículas como o pó e vários químicos libertados pelas carpetes e tapetes, produtos de limpeza, mobiliário ou tinta, incluindo o formaldeído.

Para tornar os resultados mais detalhados, os cientistas colocaram monitores adicionais em três dos ginásios, que mediram a qualidade do ar no resto do edifício e durante o dia. “Os resultados foram perturbadores”, explica o NYT. “No geral, os ginásios mostraram altos níveis de pó, formaldeído e dióxido de carbono. As concentrações destas substâncias excederam os standards aceitáveis para a qualidade de ar interior”.

O estudo concluiu que os níveis de poluição eram particularmente elevados durante as aulas de aeróbica, quando muitas pessoas estavam juntas em pequenos espaços, aumentando o pó e soprando constantemente, produzindo dióxido de carbono em cada respiração.

As grandes concentrações de pó e químicos, como formaldeído, representam a maior preocupação de saúde, de acordo com Carla Ramos. Estas substâncias contribuem para a asma e outras doenças respiratórias e em quase todos os ginásios os níveis destas substâncias excederam substancialmente os standards europeus para a qualidade de ar interior.

O dióxido de carbono, ainda que não seja tóxico para as pessoas, também é causa para preocupação. De acordo com Carla Ramos, em grandes concentrações ele pode contribuir para fadiga e tonturas – o que é altamente perigoso durante aulas muito intensivas de aeróbica.

Os níveis elevados de dióxido de carbono também podem indicar que o edifício é pouco ventilado. “A qualidade de ar nos ginásios é má”, concluiu Carla Ramos. Mas isso não deve levar as pessoas a abandonarem estes locais. Até porque não foram encontrados níveis exagerados de monóxido de carbono, um dos mais perigosos poluentes. Mas pode levar os clientes dos ginásios a falar com a administração e levá-la a implementar medidas para melhorar o ar que se respira no interior das instalações. A começar por um sistema eficaz de ventilação e produtos de limpeza menos tóxicos.

O estudo foi apresentado em Portugal e Espanha, em 2013, em conferências científicas. O artigo científico saiu, no final de Setembro, em meios académicos como o Web of Knowledge ou Elsevier. Segundo o NYT, será também publicado na edição de Dezembro do jornal Building and Environment.

Foto: Dr. Abdullah Naser / Creative Commons





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...