EUA: agricultores querem enviar cavalos selvagens para a Guatemala (com FOTOS)



A Bureau of Land Management, agência norte-americana para a gestão do território, quer enviar dezenas de milhares de cavalos selvagens para os agricultores da Guatemala, para conter a elevada população de algumas regiões do país, de acordo com o The New York Times.

Segundo o jornal, existem duas vezes mais cavalos selvagens no oeste americano do que aqueles que os agricultores e outros gestores de terrenos podem manter – o excesso de população é “uma ameaça para os terrenos públicos” e para os ranchos agrícolas.

“Há tantos e tantos cavalos. Não há um pedaço de relva à vista”, explicou ao jornal Mark Wintch, agricultor de Beaver County, no Utah. A família de Mark fundou o seu o rancho em 1935, mas o agricultor é hoje confrontado com um desafio há pouco inimaginável. “Ontem contei 60 cavalos por aqui, se colocar as minhas vacas neste terreno elas irão morrer”, explicou.

Na teoria, Beaver County não deveria ter nenhum cavalo selvagem, mas a prática é bem diferente. Os cavalos selvagens são um dos símbolos da América livre, mas no Oeste eles são hoje geridos de forma complexa.

Durante anos, o Bureau of Land Management aplicou a estratégia de cercar estes cavalos com helicópteros e armazená-los num sistema de ranchos privados. Hoje, porém, há mais de 50 mil cavalos nestes “armazéns”, e o sistema está sem espaço e dinheiro. A resposta da agência norte-americana tem sido deixar os cavalos no seu habitat, mas existem já 48 mil num espaço que apenas permite acomodar cerca de 28 mil – e dentro de cinco anos serão 100 mil.

“É uma confusão. Estamos a entrar numa situação que vai estragar o terreno durante décadas”, explicou Robert Garrott, professor de gestão de vida selvagem e ecologia da Universidade de Montana.

Em breve, as populações de cavalos selvagens irão dizimar a relva, erva e água; muitos irão passar fome e sede e morrer, assim como outras espécies. E se muitos dos agricultores e governantes pretendem a situação mais fácil – abater os animais – o professor Garrott acredita que esta não é a solução: “Os cavalos são tão amados na nossa sociedade que ninguém quer tomar uma decisão difícil, por isso continuamos a não fazer nada”, explicou.

Estes cavalos descendem os póneis e cavalos nativo-americanos e foram considerados uma espécie protegida em 1971. Nessa data, a agência norte-americana de gestão territorial decidiu que uma população estável situar-se-ia à volta dos 28 mil indivíduos – no entanto, esta não pára de crescer.

Muitos dos animais são utilizados em programas de desenvolvimento de crianças, depois destes serem treinados por presos. Agora, o problema do excesso de indivíduos levou Steve Ellis, director-adjunto de operações do Bureau of Land Management, a sugerir a doação dos cavalos para a Guatemala. Será esta uma boa solução, ou apenas o adiar de uma solução?

Fotos: Bureau of Land Manageme / Creative Commons

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