EUA: Mais de 400 mil hectares de terras indígenas destruídos por causa de barragens
Perto de 460 mil hectares de terras pertencentes historicamente a povos nativos dos Estados Unidos da América (EUA) terão ficado inundados por causa da construção de 424 barragens.
A conclusão é de uma investigação publicada esta quarta-feira, Dia Internacional dos Povos Indígenas, na revista ‘Environmental Research Letters’. Os autores reconhecem que “os povos indígenas nos Estados Unidos têm, ao longo de séculos, enfrentado expropriações contínuas”, explicando que a construção de barragens tem “contribuído significativamente” para a perda de terras dos povos nativos norte-americanos.
“Ao restringirem o fluxo de água em rios ou lagos”, explicam, as barragens fazem desaparecer terras indígenas sob reservatórios e “desestabilizam ecossistemas aquáticos e terrestres”. Os investigadores consideram que “isso impacta os modos de vida das comunidades locais, destrói lugares e recursos culturalmente importantes e obriga à deslocação das pessoas das suas casas e terras”.
Heather Randell, professora de sociologia e demografia rural na Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA), afirma que “as consequências da perda de terras causada pelas barragens são amplas”, descrevendo como “severo” o impacto dessas infraestruturas “nos modos de vida das comunidades”, que são obrigadas a abandonar “as suas terras ancestrais”.
“As comunidades tribais frequentemente sofrem os custos a longo-prazo das barragens, bem comos de outros projetos de infraestruturas”, escrevem no artigo, denunciando a marginalização dos povos e lideranças tribais face aos processos de tomada de decisão sobre projetos que afetam diretamente os seus territórios.
Por isso, os autores defendem a remoção, sempre que viável, das barragens que impactam terras de grupos indígenas, mas alertam que essas medidas devem ser tomadas em conjunto e com a participação das comunidades visadas. Nos casos em que a remoção não for a melhor opção, os investigadores advogam a atribuição de financiamento público para a melhoria e reparação dessas infraestruturas, para que os seus efeitos negativos possam ser aplacados.
“Embora a remoção de barragens não seja a única solução, é uma componente importante que deve priorizada nas políticas federais” nos EUA, salientam.