EUA: Projecto quer mapear e reduzir poluição sonora nos oceanos



As profundezas dos oceanos estão a tornar-se num lugar barulhento e as causas são humanas. As explosões em exercícios militares, o boom de armas aéreas usadas nas explorações de petróleo e gás e o barulho causado pelas frotas de navios comerciais que cruzam os mares são as principais razões para a poluição sonora.

Para lutar contra este fenómeno, o governo federal dos EUA está a concluir a primeira fase do projecto que pretende conter os ruídos neste ecossistema. O objectivo é entender melhor a natureza da cacofonia oceânica e o seu impacto sobre os mamíferos marinhos.

O projecto da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica procura documentar ruídos no oceano produzidos pelo Homem e transformá-los no primeiro grande mapa mundial sonoro. As visualizações do oceano usam cores brilhantes para simbolizar os sons que provêm das profundezas oceânicas, frequentemente em distâncias de centenas de quilómetros. Dezenas de visualizações foram já tornadas públicas.

Vários dos mapas apresentam os dados de som em médias anuais, demonstrando como o tempo em que os seres humanos praticamente não contribuíram para o ruído do oceano estão a dar lugar a um rugir da civilização.

“É um primeiro passo”, diz Leila Hatch, bióloga marinha e uma das directoras do projecto, em relação aos mapas sonoros. “Nunca ninguém fez isto nesta escala.”

Veja o mapa.

Michael Jasny, um analista de política, juntamente com o Natural Resources Defense Council –um grupo de Nova Iorque que processou a Marinha pelos ruídos que prejudicam mamíferos marinhos – elogiaram estes mapas, chamando-os de “magníficos”.

“Os mapas estão a permitir aos cientistas, aos reguladores e ao público visualizar o problema. Depois de se ver as fotos, o sério risco que o ruído do oceano representa para o próprio tecido da vida marinha é impossível de ignorar”, revelou Jasny ao The New York Times.

Os especialistas defendem que as novas descobertas são susceptíveis de acelerar os esforços, tanto por parte dos EUA como de outros países, para lidar com este problema através de leis, regulamentos, tratados e reduções de ruído voluntárias.

O ruído oceânico surge devido à forma notável, e altamente selectiva, como os diferentes tipos de onda se propagam através da água do mar. Embora a luz solar não penetre mais do que algumas centenas de metros no mar, as ondas sonoras podem viajar por centenas de quilómetros.

Apesar de a natureza ter os seus próprios sons, os produzidos pelo Homem são de grandes proporções e estão em todo o lado. Os especialistas acreditam que a poluição sonora é particularmente perigosa para as baleias, que dependem da sua audição aguçada para localizar alimentos e parceiros.

Os biólogos marinhos têm relacionado ainda os ruídos humanos às reduções na vocalização de mamíferos, o que sugere quedas na alimentação e reprodução dos animais. Pior que isso é o facto de a Marinha norte-americana estimar que as explosões dos seus sonares, utilizados em treinos e na caça de submarinos inimigos, resultam em perdas auditivas permanentes em centenas de mamíferos marinhos todos os anos.





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