Europa: há cada vez menos aves nas zonas agrícolas, mas Portugal é excepção



As populações de aves nas zonas agrícolas da Europa encontram-se nos níveis mais baixos desde que há registos, de acordo com o Esquema Pan-Europeu de Monitorização de Aves Comuns, que compilou os números relativos a 145 espécies de 25 países.

Segundo o relatório, que analisa dados de 1980 a 2009, as aves dos meios agrícolas são, de entre as espécies cobertas por este esquema pan-europeu,  as mais ameaçadas, com 20 espécies em declínio num total de 36.

O valor médio do Índice de Aves Comuns de Zonas Agrícolas (IACZA) na Europa é o mais baixo de sempre, situando-se 48% abaixo do valor de 1980. Algumas das espécies que mais diminuíram em toda a Europa nas últimas três décadas incluem a Laverca (-46%), o Abibe (-52%), o Pintarroxo (-62%) e o Trigueirão (-66%).

Ambientalistas e cientistas argumentam que estes dados provam a necessidade de uma reforma urgente da Política Agrícola Comum (PAC), de modo a recompensar e encorajar os agricultores que praticam uma gestão favorável à biodiversidade.

Ainda assim, e neste cenário negro, Portugal é uma excepção. O IACZA nacional apresenta desde 2004 uma tendência de aumento moderado, equivalente a 13%, que por enquanto não tem significado estatístico. Este facto indica que, de uma maneira geral, as espécies de aves comuns dependentes de sistemas agrícolas portugueses apresentam populações estáveis ou em crescimento pouco acentuado.

Os dados portugueses são produzidos pelo projecto Censo de Aves Comuns (CAC) da SPEA. Os dados do CAC estão na base da produção dos índices de aves comuns para Portugal e para a Europa.

“O panorama mais favorável de Portugal não quer dizer que a nossa agricultura não necessite de medidas agro-ambientais”, explicou o coordenador do Programa Terrestre da SPEA, Domingos Leitão.

Em Portugal pratica-se maioritariamente uma agricultura extensiva, diversificada, e com limitações de aptidão dos solos e de disponibilidade de água. Muitas das nossas explorações ago-silvo-pastoris têm dificuldade em competir nos mercados internacionais, porque a sua produção é baseada na diversidade e na autenticidade dos produtos e não apenas na quantidade.

No entanto, estes agricultores produzem um manancial de bens e serviços públicos (gestão do território, protecção do solo e da água, biodiversidade, etc.), que só podem ser recompensados com dinheiros públicos. “É para os agricultores e produtores agroflorestais da Rede Natura 2000, das montanhas e de outras zonas remotas do país que necessitamos do dinheiro público da PAC e de medidas agro-ambientais” conclui Domingos Leitão.

Consulte o relatório na íntegra.





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